domingo, 3 de dezembro de 2017

Presos em flagrante delito e liberados no mesmo dia

Flávio Azevedo
Material apreendido na operação.
Uma das ações da Polícia Militar, na última sexta-feira (01/12), aconteceu na Praça Cruzeiro, em Rio Bonito. Dois elementos identificados como Chiquinho e MC foram surpreendidos com 225 papelotes de cocaína de R$ 20,00, 100 tabletes de maconha, 41 frascos de loló, 02 aparelhos celulares e dinheiro. Os agentes da lei souberam da ação dos marginais através de denuncia. Os elementos foram conduzidos, juntamente com o material ilícito para 119°DP (Rio Bonito). Após ações protocolares foram encaminhados a 118°DP (Central de Flagrantes). As drogas foram apreendidas, mas os envolvidos foram liberados.

A flagrante falência da Segurança Pública está embasada em algumas realidades. Uma delas é o desfecho de ocorrências como essa. Apesar do volume de drogas apreendidas, “os envolvidos foram liberados”. A frustração dos agentes da lei ao liberar traficantes e/ou políticos corruptos é igual. O que pouco se debate é que a legislação brasileira é pró-marginalidade. É preferível atacar e culpar a Polícia pelo mal que é engendrado por outros segmentos da sociedade.

Em tempo de sucateamento da Segurança Pública, policiais mal remunerados e viaturas sucateadas, após todo empenho dos policiais militares, ação que certamente tomou várias horas de trabalho e empenho da guarnição, ver marginais encontrados em flagrante delito saindo pela porta da frente do distrito policial é mais do que frustrante. O sentimento de frustração também domina o denunciante, através de quem a positiva operação policial começou.

Não é segredo para ninguém que o tráfico de drogas só existe porque existe consumo. Não é segredo também que em Rio Bonito esse mercado é pujante, crescente, diariamente ganha novos clientes e uma clientela de bom poder aquisitivo. Esse cenário também frustra aqueles que se posicionam contra as drogas e provoca algumas reflexões: policiais arriscam suas vidas, para que? A sociedade é realmente contrária as drogas? O que dizer das festinhas e encontros sociais da alta sociedade em que a cocaína é servida entre cervejas, refrigerantes e whiskys? Por que atos delituosos no Brasil só são enxergados como crimes quando praticado por pobres? Por que o ladrão favelado nos revolta mais que o político ladrão? Por que o Nem da Rocinha causa mais repulsa na sociedade que o Sergio Cabral?

Tudo isso é parte de um conjunto de situações quem precisariam ser pensadas sem cinismo, sem hipocrisia, sem assistencialismo político, sem falsa religiosidade, sem falso moralismo. Caso as conversas sobre esses temas tenham esse viés é possível em longo prazo mudar alguns cenários. Caso sigamos culpando os atos delituosos do outro e justificando as nossas ações criminosas, a tendência é esse cenário piorar como tem se agravado nos últimos anos.

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