domingo, 8 de outubro de 2017

Rio Bonito “Cidade Risonha”... Risonha para quem?

Flávio Azevedo
Em Rio Bonito, um dos debates generalizados na sociedade é o revezamento de governantes que se repete há 15 anos. As razões para esse fenômeno são tão claras que as pessoas não conseguem enxergar. Não ser filho da terra ajuda perceber um mecanismo perverso que tem a intenção única de manter sempre no poder e nos cargos de tomada de decisão a classe hegemônica. Quem não é minhoca da terra e/ou ainda não se contaminou com a tática de sobrevivência da elite consegue enxergar além dos que os olhos podem ver.

Os "filhos da terra", com raríssimas exceções, até desejam mudar, mas que as coisas continuem do jeito que estão. Qualquer debate político é infrutífero se esse ponto crucial, olhado como tabu, não for pensado e analisado. Falo da prevalência das vontades da classe dominante. 

Penso que essa, inclusive, é a razão de não recebermos bem os estrangeiros (os que aqui não são nascidos). Temos uma sociedade "Clube do Bolinha". Intencionalmente, nós impedimos o acesso aos mais humildes a determinados cargos, funções, bens e serviços. Isso acontece para impedir a evolução da cidade, porque assim a classe dominante segue intocável e escravizando os socialmente vulneráveis. Pagamos péssimos salários por aqui, inclusive, a coisa pública!

Curiosamente, convencionou-se colocar tudo isso na conta dos políticos, prefeitos, vereadores e eles aceitam numa boa. Na maior cara de pau, a elite dominante de Rio Bonito não quer que saibamos ser ela a grande responsável pelo atraso de 50 anos que arrasa a cidade em todos os aspectos, mas, sobretudo, no social. A verdade é que a desgraça sócio-econômico-social que percebemos em Rio Bonito, só persiste porque a classe dominante, não quer que mude. Isso é lucrativo!

O pensamento corrente da classe hegemônica é que se a cidade for franqueada para estrangeiros que têm a capacidade de pensar fora desse círculo vicioso (mudar para continuar igual), esse jogo viciado muda. A elite sabe que se trocarmos os jogadores (eleitores), o placar da partida (eleições) será diferente. Essa mudança pode interferir na zona de conforto que vivem e perder esse espaço é inconcebível.

Por isso é comum vermos negócios, cargos públicos, empresas e tudo mais sendo passado de pai para filho, de filho para netos. Essa mecânica tem uma única intenção: manter a hegemonia de determinadas famílias e figuras que nada acrescentam, mas que convencionaram entre si se autoproclamar tradicionais e importantes. Um ‘pedigree’ criado pelo “Clube do Bolinha”. 

Quem é riobonitense, mas não é da elite, falo aqui das pessoas menos favorecidas, só aceito se assimilar o pensamento imposto pela classe dominante. O estrangeiro, aquele que não é nascido em Rio Bonito, só consegue se estabelecer e permanecer se ingressar nesse clube macabro e reproduzir o mesmo cretinismo. Quem chega pensando em mudar esse cenário, sobretudo se é estrangeiro, está condenado a não prosperar na "cidade risonha".

Concluo lembrando que se convencionou colocar todos os nossos problemas na conta dos políticos, que não podem reclamar, porque enfrentar esse sistema significa perder doações de campanha que tem uma única razão: comprar o voto dos que não têm acesso a Educação e a cidadania para que eles permaneçam na ignorância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário