quinta-feira, 20 de abril de 2017

Game “Baleia Azul” preocupa famílias e autoridades

Flávio Azevedo
Uma das tarefas do game é desenhar uma baleia no corpo com gilete ou faca. Outra tarefa é andar na beira do terraço de um prédio com mais de 10 andares e filmar para comprovar!
Desde a primeira semana de abril, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) do Rio está investigando a rede de cibercriminosos que convencem crianças e adolescentes a participar do jogo “Baleia Azul”. O participante do jogo precisa cumprir 50 etapas, que vão desde a “assistir filmes de terror” a “desenhar, com estilete, uma baleia no braço”. O suicídio seria a última etapa do game.

Mas por que um jovem teria o interesse ou a curiosidade de participar de jogo assim? “Baleia Azul” é na prática um pacto de suicídio, é como se alguém abraçasse o desafio para tomar coragem de chegar ao último ato, o definitivo. A psicóloga Tânia Guimarães, especialista em adolescentes acredita que o jogo é um gatilho para jovens que tem problemas emocionais ou distúrbios mentais.

A delegada Fernanda Fernandes acredita que um aplicativo é utilizado no repasse das mensagens e acrescenta que milhares de pessoas estão praticando o jogo no Brasil. O advogado e perito em Direito Digital, José Antônio Milagre; disse que caso alguém seja interpelado pelos cibercriminosos deve salvar as mensagens.
– É importante preservar chats para que possam servir de base para eventual medida para apurar autoria e responsabilizar os criminosos – orientou.

O primeiro relato sobre o jogo “Baleia Azul” com desdobramento fatal foi na Rússia, em 2015. Uma jovem de 15 anos cumpriu a última tarefa e pulou do alto de um edifício. Dias depois, uma adolescente de 14 anos se atirou na frente de um trem. Os episódios chamaram a atenção das autoridades e a investigação mostrou que as vítimas integrava um grupo que participava de um desafio com 50 missões.

No Brasil, uma menina de 16 anos morreu no Mato Grosso após se afogar em uma lagoa na região central de Vila Rica, a cerca de 1,2 km de Cuiabá. A principal suspeita da polícia é a de que a jovem, que apresentava cortes nos braços, participava do jogo da “Baleia Azul”. A polícia brasileira também investiga a participação de alunos de João Pessoa, na Paraíba, em grupos de automutilação e morte, além das denúncias de que os curadores do game estariam ameaçando os jovens que tentassem desistir dos desafios. Jogos que apresentam riscos letais viraram moda entre muitos adolescentes. No ano passado, um garoto de 13 anos morreu após se enforcar na casa do pai, no litoral sul da capital paulista.

Em reportagem sobre o assunto veiculada no jornal O globo, especialistas listaram seis medidas que pais, responsáveis e professores devem observar e buscar perceber nas crianças e adolescentes diariamente.

Mudança de comportamento
Os pais devem estar atentos a mudanças bruscas de comportamento dos filhos, o que pode ser um sinal de que a criança está sofrendo, não está sabendo lidar com o sofrimento. É possível que a criança não tenha confiança contar o que está acontecendo.

Demonstra interesse ajuda
Para perceber que a criança está enfrentando problemas, é essencial que os pais se interessem por sua rotina. Segundo especialistas, esse deve ser um ato genuíno, não momentâneo por causa do jogo. Em casos de crianças e adolescentes que tentam chamar atenção dos pais, a preocupação repentina deles pode motivar a seguir jogando e ingressar em outras situações de provoquem risco ao seu bem estar. 

Diálogo constante
As conversas com os filhos, sobretudo os adolescentes, pode não ser fácil, mas os pais devem abrir canais para que eles se sintam confortáveis em compartilhar suas angústias e se sintam protegidos.

Vulnerabilidade
Jovens e adolescentes com baixa autoestima e sem vínculo familiar fortalecidos são mais vulneráveis a armadilhas como o jogo da “Baleia” Azul.

Confiança
Os jovens precisam de pessoas de confiança para compartilhar seus anseios e frustrações, seja na escola ou na família.

Participação da escola
As escolas podem ajudar na prevenção de situações de risco, identificado entre os alunos os mais vulneráveis a se engajarem em jogos como esse e conscientizando os estudantes sobre a importância da vida. A percepção de que crianças e adolescentes estão ingressando nesses caminhos nem sempre é fácil, porque em muitos casos os pais se recusam a acreditar que o filho possa estar entre tantos que precisam de ajuda. Muitas famílias ainda acham que situações como essa só acontece com os outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário