segunda-feira, 13 de março de 2017

Aliada de Eduardo Cunha será Secretária de Estado no Rio

Flávio Azevedo
Numa demonstração de que o governo estadual está pouco se importando com o estado de penúria do Rio de Janeiro e com servidores que não conseguem receber os seus salários em dia; o governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB) segue inchando a máquina pública e acomodando apadrinhados. A ação visa a disputa das eleições de 2018. Apesar do Estado de Calamidade Financeira, o governador assinou, no último dia 10 de março, o Decreto Nº 45.944, que cria a Secretaria de Estado de Proteção e apoio a Mulher e ao Idoso.

O Artigo primeiro do Decreto é uma tentativa de responder a naturais críticas ao governador. Assim, além de decretar a criação, ‘sem aumento de despesas’, da Secretaria de Estado de Proteção e Apoio à Mulher e ao Idoso; no parágrafo único ele transfere o Conselho Estadual para Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (CEDEPI) e o Fundo para a Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (FUNDEPI), à recém-criada Secretaria. O governador também decretou que a Secretaria de Estado de Prevenção à Dependência Química (SEPREDEQ) seja incorporada a Secretaria de Estado de Saúde.

A grande novidade, porém, não para por aí. Foi convidada para assumir a nova Secretaria, uma velha conhecida da população de Rio Bonito: a ex-prefeita, Solange Almeida (PMDB), que segundo fontes é pré-candidata a deputada estadual. Com a transformação da Secretaria de Estado de Prevenção à Dependência Química num setor da Saúde, o então secretário, Filipe de Almeida Pereira (PSC); volta a Câmara dos Deputados para o exercício do seu mandato de deputado federal. Filipe é filho do pastor, Everaldo Pereira, ex-candidato a presidente da República.

Musculatura política
A força política da ex-prefeita de Rio Bonito surpreende apenas aqueles que não conhecem a trajetória dela. São quase 30 anos de vida pública. Duas vezes vereadora, três vezes prefeita, duas vezes deputada estadual, ex-presidente do Vital Brasil, Solange Almeida tem musculatura política invejável e não fosse tão passional e não andasse em más companhias estaria em patamares ainda mais altos que uma Secretaria de Estado.

O fato de ter entregado ao seu sucessor, uma Prefeitura destruída; e ter feito um mandato pífio e recheado de críticas; não apaga nem um pouco a popularidade da ex-prefeita. Assim como aconteceu em 2005, quando o seu grupo político foi derrotado e ela acabou assumindo o Instituto Vital Brasil, 12 anos depois, ao ver nova derrota do seu grupo político, ela assume um espaço no governo do estado.

Além de fazer um mandato fraco, que potencializou a crise econômica do país, por exemplo, não pagando os salários de dezembro e 13º salários dos servidores municipais (2016); durante os quatro anos que esteve na Prefeitura de Rio Bonito a ex-prefeita viveu a expectativa de perder o mandato. Um processo em trânsito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinava que ela perdesse o mandato e os direitos políticos, situação revertida através da força do seu partido e da sua influência política. Depois de uma série de adiamentos e pedidos de vista do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, o assunto foi dado por encerrado e dificilmente será ressuscitado.

Companheira de Eduardo Cunha na Lava Jato

Ré na Lava-Jato na mesma ação em que o deputado cassado, Eduardo Cunha (PMDB), preso em Curitiba, é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pelo recebimento de US$ 5 milhões do esquema de corrupção na Petrobrás, a ex-prefeita foi apontada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot; como partícipe do esquema, pois, como deputada, em 2011, apresentou requerimentos à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, para que o delator Júlio Camargo e as empresas Samsung e Mitsui dessem explicações sobre contratos com a Petrobrás. 

Segundo Janot, os requerimentos foram elaborados por Cunha para pressionar a Samsung Heavy Industries a voltar a pagar propina. A dupla, Solange Almeida e Eduardo Cunha; denunciados pelos lobistas, Júlio Camargo e Fernando Soares (Fernando Baiano); negam ter participado de qualquer esquema envolvendo contratos da Petrobrás. O caso segue sendo investigado pela equipe do juiz, Sérgio Moro. Apesar desse rico histórico de serviços prestados ao país, a força política da ex-prefeita é maior e ela segue atuando normalmente na máquina pública.

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