terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Medicamentos sumiram do almoxarifado da Prefeitura de Rio Bonito na troca de governo

Flávio Azevedo
O secretário de Saúde, Matheus Neto; fala observado pelo vereador, Edilon de Souza Ferreira, o Dilon de Boa Esperança.
Alguns questionamentos seguem sem ser respondidos na mudança de governo que aconteceu em Rio Bonito. Diante de tanto desmando encontrado, nós ainda não recebemos notícias de que o atual governo esteja agindo energicamente para buscar respostas, punir infratores e mostrar a população que quem saiu não deve voltar nunca mais. Servidores com salário de dezembro e 13º atrasados, pagamentos da ordem de R$ 13 milhões a fornecedores (dinheiro que poderia pagar os servidores), veículos oficiais sucateados e depenados; são alguns dos problemas encontrados pela atual gestão.

No último dia 16 de fevereiro, após a primeira sessão Legislativa, os vereadores receberam a visita dos secretários municipais de Administração e Saúde, João Luis Balbino e Matheus Neto, respectivamente. As poucas e precisas perguntas feitas pelos parlamentares ao titular da pasta de Administração deixaram muito nítido que o Decreto de Calamidade Financeira, um dos primeiros Atos Oficiais da gestão Mandiocão, não passou de uma malfadada estratégia política. O que se percebe é que a ideia da atual gestão é colocar uma lente de aumento sobre os efeitos nefastos da gestão anterior, atitude dispensável, uma vez que em cada ponto do município é possível comprovar o poder de destruição de quem saiu.

A sabatina feita com o secretário de Saúde, Matheus Neto; tornou ainda mais claro o quanto a gestão anterior foi nociva para o município. Todavia, não dar clareza aos fatos anunciados e não buscar soluções para os problemas, além de tornar o atual governo conivente com os desmandos e absurdos, confirma uma suspeita que pouca gente tem coragem de dizer: os grupos políticos se alternam no poder, porque existe um revezamento planejado. Por isso, vários ilícitos são acobertados sob o tapete do cinismo e da certeza de impunidade.

Medicamentos sumiram
Aos vereadores, o secretário Matheus Neto contou uma história que precisa ser acompanhada de perto. Aliás, quem deixou o governo já deveria ter vindo a público prestar esclarecimentos. Segundo o secretário, uma carga grande medicamentos desapareceu do almoxarifado da Prefeitura.
– No dia 26/12/2016 foi recebida no almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, uma quantidade grande medicamentos, mas para minha profunda tristeza quando nós chegamos lá no dia 01/01/2017 faltava muita coisa! Um processo administrativo de investigação já foi iniciado e boa parte dos recursos usados para pagar esses medicamentos era de convênios. Para onde foram esses medicamentos? Eu não posso fazer acusações, mas uma coisa eu posso afirmar: eles foram comprados dia 26/12, pagos dia 29/12 e não estavam lá no dia 01/01/2017 – disse Matheus.

Tomou a palavra do secretário, o vereador Humberto Belgues (PSL), que disse ser essa situação “caso de polícia”. O vereador destacou que “se você comprou dia 26, pagou dia 29 e dia 1º ao abrir a porta, a mercadoria não está lá, a polícia tem que ser acionada, vai investigar e os autores precisam pegar cadeia!”. O secretário agradeceu a fala do vereador e destacou que “algumas pessoas precisam estar preocupadas, porque se as notas foram atestadas, alguém recebeu esse material e se não recebeu deveria ter recebido”, pondera Matheus, reiterando que se a aquisição desses medicamentos foi feita com recursos federais, o que aconteceu é crime federal e a investigação também será realizada pela Polícia Federal.

Reação

O presidente da Câmara, vereador Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB), reagiu a declaração de que “os vereadores não fiscalizaram as ações do poder Legislativo” e acrescentou que na Legislatura anterior a Câmara contava com cinco vereadores que integravam a oposição. A vereadora Marlene Carvalho (PPS) e Claudinho do Bumbum Lanches (PR), que foram reeleitos; os vereadores, Aissar Elias (PMN) e Carlos Luiz Júnior, o Jubinha (PT do B); e atual vice-prefeita, Rita de Cássia. “E por que não fiscalizaram? Ou seja, não é uma questão ser ou não base governista”, disparou Reis, que pediu ao secretário o envio desses documentos para que a Câmara Municipal apure o que aconteceu.

Afirmando não estar interessado em defender nenhum parlamentar, Matheus Neto frisou que “tudo aconteceu no apagar das luzes, no fim do governo e acaba sendo compreensível o caso ter passado despercebido pelos vereadores”. O secretário disse que gostaria de saber como foi possível gastar tantos medicamentos e insumos em uma semana. Ele acrescentou que “é ainda mais complicado, porque a prefeita decretou ponto facultativo na última semana do ano, ou seja, as unidades estavam fechadas e a única unidade em funcionamento era da UPA”. Ainda segundo Matheus, é preciso agir. “O que fizeram foi feito com o povo de Rio Bonito e nós que vivemos aqui não podemos deixar por isso mesmo”.

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