domingo, 15 de janeiro de 2017

Carros oficiais sucateados interessam aos governantes e aumenta salários de muita gente

Flávio Azevedo
O cidadão ainda consegue se apavorar ao ver a frota de sucatas que outrora eram carros da Prefeitura. Nesse sábado (14/01), o prefeito José Luiz Antunes, o Mandiocão (PP), promoveu um desfile com essas sucatas pelo Centro de Rio Bonito e colocou expostas no Centro Administrativo da Prefeitura, na Praça Cruzeiro. São 34 veículos. Mas vamos fugir do “oba oba” que essa ação pretende promover, para refletir as razões que levam ao sucateamento desses carros.

É bom destacar que quando a ex-prefeita, em 2013, assumiu a Prefeitura de Rio Bonito, ela também encontrou veículos sucatados. Mandiocão, em 2005, quando assumiu a Prefeitura, encontrou sucatas e também expos, à época, na Praça Fonseca Portela. O curioso é que nesses 24 anos que Rio Bonito é governado pela dupla Solange/Mandiocão em nenhum momento eles tomaram iniciativas que amenizassem esse desperdício, por quê?

Um giro pelo mercado e uma análise do valor de cada veículo que está exposto no Centro Administrativo da Prefeitura, nos permite chegar ao valor aproximado de R$ 700 mil. Ou seja, toda essa sucata e veículos inservíveis custaram no mínimo meio milhão aos cofres públicos. Mas por que isso acontece? Primeiro é importante destacar que um carro só deve ser utilizado pelo poder público por cinco anos. Isso é Lei. Passado esse tempo, mesmo que o veículo esteja em boas condições ele deve ser leiloado. 
A realidade, porém, é que antes disso os carros sucateiam. Por conta de motoristas chamados “cupins de ferro” (aqueles que não têm nenhum cuidado com o carro); e a falta de manutenção desses veículos. As oficinas credenciadas, por não receberem pelo serviço prestado, acabam aderindo a lógica do “eles fingem que pagam eu finjo que trabalho” e fazem apenas uma meia sola no carro que ele chega em seus pátios para manutenção. Uma oficina da Prefeitura é inviável por conta do índice de roubo e falcatrua.

Junte a esse cenário, a lógica do “carro agregado”, que pretende cobrir as lacunas na frota própria do município. Todavia, em qualquer governo os agregados quase sempre pertencem a membros do governo, puxa sacos do prefeito e afins. Para piorar o cenário, ainda têm os contratos de “carros fantasmas”. Estamos falando daquele carro que foi agregado, o contrato existe, mas ele nunca foi visto a serviço da Secretaria, que segue reclamando a falta de veículos. O objetivo era apenas aumentar o salário do secretário.
Há alguns anos, eu afirmo ser urgente a criação da Secretaria Municipal de Transporte. Entre outras coisas, esse setor cuidaria da frota de carros da Prefeitura. Ações como a compra e a legalização dos veículos; os contratos para agregar carros à Prefeitura; o controle de combustível (outro poço sem fundo); lidar com a conservação e leilão dos automóveis; monitorar a rota do motorista (acabando com essa velhacaria de carro oficial em shopping, mercado, estádios e praias); educar o “cupim de ferro”; e atender a demanda das Secretarias e da população. Todavia, como essa história de “carros agregados” é um pé de chuchu e uma das maneiras eficientes de se armar inúmeras picaretagens, os próprios secretários são contrários ao aparecimento de uma Secretaria de Transporte, porque eles perderiam o acesso ao instrumento que, ajuda aumentar os seus rendimentos.

Assim como a Prefeitura precisa ter funcionário contratado, porque o efetivo é dono do seu nariz, não se sujeita aos desatinos do chefe e vota em quem ele quer; enquanto o contratado é encabrestado pelo governante; a frota própria também é um atrapalho as pretensões picaretas de quem governa, porque ela não rende nada. Logo, deixar a frota própria sucatear para comprar veículos novos (pode render uma boa comissão); e agregar, carros, kombis, caminhões e tratores; também representa encabrestar eleitores e conquistar puxa sacos.  

Uma história real ocorrida em Rio Bonito é emblemática. Um fato que ilustra bem como o tema “frota própria” é tratado por políticos sem escrúpulos. Estamos falando de gente que governa com a missão de enriquecer os seus colaboradores de campanha, mas usando o erário público. Uma máquina, se não me engano uma retroescavadeira, foi leiloada, porque não tinha mais serventia para o município. Um integrante importante do governo arrematou o equipamento. Ele recuperou a máquina, agregou à Prefeitura e a máquina, que não tinha mais serventia para o município, prestou serviço durante os oito anos de mandato dessa figura.

Enfim, enquanto você discute o “desfile macabro” ou tenta medir o grau de incompetência de Mandiocão ou Solange (porque você é um torcedor bobo e passional); a frota própria do município segue sucateada; a compra de carros novos já está sendo planejada; os “agregados” já estão escolhidos; e nenhum mecanismo de controle está sendo planejado para coibir novos sucateamentos.

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