domingo, 20 de novembro de 2016

Presos barraqueiros e presos elegantes

Flávio Azevedo
A deputada federal, Clarissa Garotinho (E); e Garotinho sendo colocado na ambulância do SAMU.
Alguns chamam de “nível”, de “estilo”, outros de “elegância”, há quem use o termo “classe”, mas a postura das pessoas é algo curioso e fica exposta nos momentos mais difíceis da vida. Analisando as últimas cenas envolvendo políticos presos no Rio de Janeiro, chamou a minha atenção a postura de cada família. O ex-governador Sérgio Cabral foi preso de maneira silenciosa. Que elegância! Não vimos circo, estardalhaço, barraco ou qualquer tipo de escândalo ao em torno sua midiática prisão. Não vimos esposa, parentes, ninguém! Aliás, não temos nenhuma notícia do deputado federal, Marco Antônio Cabral (PMDB); filho do ex-governador. Ele simplesmente não se manifestou. Parece não existir! 

Ex-governador, Sérgio Cabral sendo preso em casa
Já a prisão do ex-governador Garotinho, essa foi repleta de caras e bocas, gestos caricatos e cenas de desespero dignas de novela pastelão. O “não vou!”, dito por Garotinho dentro do Hospital Souza Aguiar, por exemplo, acabou virando piada e hit na canção do antigo grupo Fat Family. A cara de sem terra da prefeita de Campos, Rosângela Matheus, esposa do preso, também chamou atenção. Na porta do presídio de Bangu, com uma sacolinha de remédio na mão e com uma tremenda cara de retirante, ela, que alguns chamam de “Rosinha”, tentava visitar o marido!

Mas espetáculo mesmo foi oferecido pela deputada federal, Clarissa Garotinho (PR). Enquanto o herdeiro de Cabral parece invisível, Clarissa roubou a cena em todos os momentos. Choro, desespero, gritos, uma cena deprimente e desnecessária! Em vários momentos a deputada confrontou agentes federais designados a cuidar do caso e até a equipe médica do Souza Aguiar. Por fim, a cereja do bolo: Garotinho saindo na maca em direção a ambulância e Clarissa aos prantos e gritos solta a frase que virou meme: “eu quero ir com ele!”, “meu pai não é bandido!”.

A jornalista, Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha.
Diante desse cenário de choros e gritos da herdeira, o moribundo Garotinho parece ter comido o espinafre do Marinheiro Popeye! Tenta levantar da maca, chuta os agentes, mas acaba contido! A cena é lastimável, como é lastimável que tudo que envolve esse Garotinho e sua carreira política caricata, populista, assistencialista e repleta de história condenáveis a visível exploração de evangélicos ingênuos e sem noção.

Rosângela Matheus esposa de Garotinho
Para voltarmos a falar de “fineza”, outro termo para significar a elegância das pessoas, eu gostaria de mencionar a jornalista, Cláudia Cruz, esposa do deputado cassado e preso, Eduardo Cunha (PMDB). De volta ao noticiário por conta do depoimento que prestou ao juiz Sérgio Moro, a mulher do “coisa ruim” se destaca pela elegante antipatia. Bem vestida, escondida atrás de um baita óculos (coisa de madame), cabelos presos e respostas curtas e firmes. Fora do fórum, ela tem passadas firmes, porém, elegantes. Ciente do papel da imprensa, mas indignada com os constrangimentos que as câmeras lhe forçam passar, Cláudia segue impassível e não lembra nem um pouco os barraqueiros “Garotinhos”.

Pelo visto, conta bancária robusta ou vazia não determina a postura e os gestos de cada indivíduo; assim como a elegância não impede o sujeito de ser picareta! Apesar de estarmos falando de pessoas diferentes, chama atenção os atos de cada um diante da consequência dos atos condenáveis que escolheram praticar!

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