sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Preso com drogas na panela de pressão

Flávio Azevedo
Policiais militares de Rio Bonito participaram de uma história inusitada nessa quinta-feira (13/10). Eles prenderam um morador de Cambucais (Rato Molhado) ao descobrir que o elemento escondia drogas numa panela de pressão. “Acho que ele ia fazer um cozido com aquela porcaria”, contou um morador da localidade a nossa reportagem. A prisão aconteceu por volta das 10h. O traficante, que é natural de Campo Grande, estava morando no bairro há cerca de três meses. Com ele a polícia encontrou 25 pinos de cocaína e dinheiro. Tudo estava escondido na panela de pressão. 

Segundo registro feito na 119ª DP (Rio Bonito), durante patrulhamento a postura de um homem que estava na rua com uma panela de pressão levantou suspeita. Eles abordaram o homem e encontraram a droga dentro da panela. Ele foi autuado de acordo com o art. 33 da Lei 11343/06 (Lei do Tóxico), que condena atos como “importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. A pena definida para tais transgressões é de cinco a 15 anos de reclusão.

Uso de drogas em Rio Bonito é maior que em outros centros

Moradores de várias localidades de Rio Bonito denunciam a presença de novos moradores que têm comportamento suspeito. Um morador da Praça Cruzeiro que pede para não ser identificado explica que o bairro sempre recebeu garotos dos morros do Rio de Janeiro que vinham atuar no tráfico local, mas era algo passageiro.
– Meninos de várias favelas do Rio de Janeiro sempre vieram morar em Rio Bonito. Eles eram recebidos na casa de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas. Vi isso acontecer aqui na Praça Cruzeiro, isso também acontecia na Serra do Sambê, Caixa D’Água, Basílio, praticamente em todos os bairros. Mas a polícia prendia e os garotos desapareciam. Hoje, porém, eles estão fixando residência e são classificados como moradores, quando na verdade eles não têm raízes nenhuma por aqui – analisa o morador.

“Rio Bonito é um bom negócio para o tráfico”

Sobre esse interesse que Rio Bonito desperta entre os traficantes da Capital, um policial, que pede para ter a identidade preservada, fala sobre o tema e apontando uma realidade que a sociedade riobonitense finge não perceber. “O tráfico de drogas é um negócio como qualquer outro e nem todo traficante quer trocar tiros com a polícia”. O policial afirma que muitos desses traficantes são “pessoas de bem”, não pegam em armas “e eles sabem do potencial de Rio Bonito para o tráfico”. 

Segundo o policial, “o que desperta o interesse dos traficantes por Rio Bonito é o volume de usuários de drogas da cidade”. Ele acrescenta que nunca viu, nas cidades que trabalhou, salvo no Rio de Janeiro, um lugar onde as pessoas usassem tanta cocaína. “Aqui é mais fácil identificar quem não usa drogas que tentar identificar o usuário, os limpos estão em menor volume e a galera riobonitense só curte cocaína”. O defensor da Lei explica que raras cidades tem o que ele chama de “cheirador social”.
– Quando eu comecei trabalhar em Rio Bonito, eu identifiquei um fenômeno que eu só conhecia na cidade grande e nos condomínios luxuosos da Zona Sul do Rio de Janeiro. Estou falando de gente que cheira cocaína socialmente. Pessoas que não têm cara de “cracudo”. Estou falando de gente que tem bom emprego, tem origem em famílias abastadas e conceituadas, são empresários de sucesso, são advogados respeitados, mas que nos fins de semana junta os amigos para uma confraternização que é regada a cocaína. Assim como a cerveja é a bebida oficial desses eventos, nesses encontros especificamente a cocaína está posta na mesa junto com a cerveja – conta o policial.

Anda segundo o policial militar, “o volume de dinheiro que essas pessoas gastam nessas confraternizações é alto e isso atrai os traficantes”. Ele revela que “não existe grande interesse nos viciados pobres que roubam para conseguir “dar um teco”, porque o montante que atrai está no bolso dos clientes que têm dinheiro para gastar, fazem tudo com discrição, não há tiros, não há roubos e ao sair dali os caras mantêm a pose de “pessoas de bem” e param para jantar nos restaurantes da cidade com a família (mulher e filhos) ou vão para a igreja; como se nada tivesse acontecido”.

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