domingo, 30 de outubro de 2016

Hospital Darcy Vargas na espera de recursos federais para acertar o passo

Flávio Azevedo
O presidente, José de Aguiar Borges, o Kaki; assina portaria ao lado da prefeita, Solange Almeida e do governador em exercício, Francisco Dornelles (Foto: César Augusto).
Na semana que os funcionários do Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV) estão ensaiando uma greve que pode ser deflagrada no próximo dia 07/11, por conta do corte de 20% em seus salários, uma notícia publicada no site do HRDV enche de esperança a população e o quadro de colaboradores da entidade. A foto mostra o presidente, José de Aguiar Borges, o Kaki; ao lado da prefeita, Solange Almeida (PMDB); e do governador em exercício, Francisco Dornelles (PP); assinando uma portaria de liberação de recursos para a Saúde que tem o objetivo de atender hospitais e emergências em diversos municípios fluminenses, entre eles o HRDV.

A solenidade aconteceu na última segunda-feira (24/10), no Palácio Guanabara. Também esteve presente no evento, o Ministro da Saúde, Ricardo Barros. Segundo as informações transcritas no site da entidade, os recursos garantirão investimentos nos Blocos da Atenção de Média e Alta Complexidade – Ambulatorial e Hospitalar. Serão repassados mais de R$ 23 milhões que serão destinados a 11 instituições filantrópicas do Rio de Janeiro, inclusive o Darcy Vargas. 

De acordo com a nota, o recurso chega ao hospital num momento complicado e certamente ajudará a instituição a reduzir seu déficit mensal, melhorando assim o atendimento à população. Os funcionários do hospital esperam pela normalidade no pagamento dos salários, aguardam a reposição dos 20% que foram descontados no último contracheque e torcem para que o recurso ajude a diretoria do hospital pagar o 13º salário no período certo (dezembro).

Também está na expectativa da normalidade financeira do HRDV, a direção do Centro Oncológico de Rio Bonito (CORB), que já suspendeu, em mais de uma ocasião, a prestação de serviço aos 580 pacientes que fazem tratamento de câncer na unidade. Outra informação que chega a nossa reportagem é que é real a possibilidade do CORB fechar as portas, porque o presidente do HRDV segue glosando a verba carimbada que deveria ser destinada integralmente ao CORB. Tanto o recurso não repassado ao CORB quanto os 20% cortados do pagamento dos funcionários são classificados pelo presidente do hospital como “empréstimo”.

A normalização dos trabalhos no HRDV é ansiada por toda população de Rio Bonito e Região. Todavia, não foi divulgada uma data em que os recursos anunciados serão repassados ao hospital. Segundo os balanços apresentados na última assembleia de associados da unidade é urgente a chegada desses recursos. Também é urgente a ampliação dos valores repassados ao HRDV pela Prefeitura através do Plano Operativo Anual (POA), que é o contrato de prestação de serviços e pagamento pelos serviços prestados ao município.

Hospitais e UPAs podem fechar até fim do ano

Na última semana a grande mídia carioca noticiou relatório do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), que pediu a intervenção do governo federal na área de Saúde, que por conta da crise financeira do estado se nada for feito até o final do ano, hospitais e unidades de saúde de todo o estado correm o risco de fechar as portas. Falou sobre o assunto, o diretor e coordenador da comissão de fiscalizações do Cremerj, Gil Simões, que revelou ser a dívida da saúde no estado da ordem de R$ 2,5 bilhões. O resultado é a falta de insumos, remédios e leitos nas principais unidades e os médicos da rede podem ficar sem salário. Quatro unidades de Pronto Atendimento (UPA) já fecharam as portas em Cabo Frio, Barra Mansa, Angra dos Reis e São João de Meriti. A UPA de Rio Bonito, por exemplo, há 17 meses não conta com recursos do governo do Estado, o que representa uma dívida de R$ 6.8 milhões. 

Segundo o relatório, atualmente, há 12 mil pacientes estão na fila para cirurgias cardiovasculares no estado. “Isso significa um aumento no número de amputados, pois a espera é cruel para esses pacientes. Sem contar os cerca de 600 pacientes que aguardam para fazer radioterapia e perdem o tempo de seus tratamentos”. O efeito cascata da crise afeta também unidades municipais. O Hemorio enfrenta dificuldades com a falta de material básico como tubos de coleta de sangue. “Tem doador, mas não tem material para coletar o sangue”, explica.

O Cremerj solicitou audiência com o Ministério da Saúde, em que pede a instalação de um gabinete de crise, com todos os níveis de governo. O Ministério comunicou que liberou R$ 65 milhões extras este ano para reforçar a saúde no estado. Segundo a secretaria estadual, de janeiro a outubro o setor recebeu R$ 393 milhões, cerca de 40% do orçamento previsto para a pasta. Já o Cremerj afirma que o estado não tem investido o percentual obrigatório em lei (12% do orçamento) e que a os hospitais só é repassado 5%.

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