quinta-feira, 26 de maio de 2016

Fomos treinados para estuprar as meninas!

Flávio Azevedo
A menor de idade que foi vítima de estupro coletivo deixa o Hospital Souza Aguiar, acompanhada da mãe - Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Uma menina de 16 anos... Provavelmente drogada... Trinta e três (33) homens, isso mesmo, 33 sujeitos possuídos por Satanás... Um rodízio macabro, escroto... Todos eles estupraram essa jovem. O crime aconteceu no último dia 21 de maio, numa comunidade da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. À polícia, ela contou que foi a casa do namorado, adormeceu e acordou noutro lugar na mão desses monstros. A divulgação dessa notícia indignou o país. Quem é pai de uma menina (o meu caso) logo pensa: “e se fosse a minha filha?”.

Há quem discorde e ache um absurdo a indignação da sociedade. Usam teorias acadêmicas para defender esses 33 monstros. Bom, para quem curte vagabundo a minha sugestão é que você se coloque no lugar da adolescente violentada ou pense que ela é sua filha. Duvido muito que a sua compaixão por marginais seguirá de pé. O Brasil quer rapidez nas investigações e punição rigorosa para essas 33 desgraças.

Ao tratar do assunto, a mídia dá a sensação que deseja a narrativa, mas nunca se aprofunda no assunto. A argumentação é de não se pode opinar, “porque a notícia só pode contar a história”. Quem concorda com isso parabéns! Eu ando na contramão dessas regulamentações que tem o objetivo de controlar e vigiar as opiniões. Há quem ache que somente os oráculos da razão, geralmente um bando de frouxos e vaselinas, podem opinar nos noticiários.

Diante desse fato, eu gostaria de propor uma reflexão para entendermos o que está acontecendo com a sociedade brasileira... Por que esse tipo de situação acontece? Por que as mulheres não são respeitadas? O que os homens têm na cabeça? Você sabia que boa parte dos homens acha que as meninas são bonecas infláveis? A jornalista, Leilane Neubarth, durante a apresentação do Jornal das 10 da Globo News, nessa quinta-feira (26/05), ao noticiar esse ocorrido destacou que os homens são criados por mulheres... Mas por que então os meninos são tão escrotos?

Eu lembro bem como era difícil ser menino quando eu era criança. As horríveis brincadeiras de mau gosto; ter que bancar o troglodita, para dizer que é homem; brigar por razões ridículas; ser grosseiro, deselegante e porco, “porque homem que é homem é assim”. Para muitos, andar bem trajado, manter os cabelos penteados, exalar bons aromas, dialogar sem palavrões, gostar mais de leitura que de futebol, ter boas notas na escola, tudo é sinal de que “ESSE MOLEQUE É VIADINHO!”.

É nesse clima que os meninos são criados, catequisados, forjados (e comigo não foi diferente!). Muitas vezes o treino é dado pelo pai (não foi o meu caso), mas o instrutor de grosseria pode ser o irmão mais velho, por exemplo. Caso o menino não tenha pai ou irmãos mais velhos, os tios e primos se encarregam de transformar o garoto num troglodita imbecil que acha serem as mulheres um objeto para sua satisfação. Muitos pensam que elas são brinquedos eróticos, que eles descarregam as energias e colocam ali no cantinho. Há quem conduza as suas relações sexuais como se esse ato fosse uma mera masturbação.

Sim amigos, no Brasil um menino não pode ser sensível! Um garoto não pode derramar uma lágrima! Quem nasce homem não pode ter compaixão. Homem que é homem sempre tem que levar vantagem e não importa por que meios. Agir diferente disso significa que “VOCÊ É MULHERZINHA”. E não fique escandalizado, porque é assim que nós somos criados! As brincadeiras e o linguajar dos meninos são nojentos... “Eles são assim mesmo!”, dirá um adulto ao ser questionado por uma criança que não consegue se enquadrar nessa lógica bronca. A conversa dos garotos é carregada de sexualismo, de termos que remete aos órgãos genitais masculinos e femininos, “porque isso é normal em todo garoto!”.

Eu concordo que esses 33 bandidos poderiam estar drogados, mas nós meninos somos forjados a ter esse comportamento e dar sequência a ele. Na fase adulta, as infidelidades conjugais, as agressões, os pulos de cerca, o tratamento grosseiro e deselegante da esposa... São consequências de um passado onde o menino foi formatado pela lógica do desrespeito a mulher. 

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