sábado, 27 de fevereiro de 2016

O Meretrício

“Eu tenho bastante amigos, por isso falei que estava pensando em vir vereador. Aí um falou: “eu voto em você, mais vai me pagar quanto?”. Olha que situação!”. Essa é a experiência pessoal de alguém que estava pensando em ingressar na vida pública em Rio Bonito. A conversa retrata bem o que é a política no Brasil, um setor tomado pela corrupção, ladroagem, gatunagem, vagabundagem e toda sorte de ilícitos. Entretanto, esse monte de sacanagem nasce com o suposto cidadão de bem. Sim! Aquele sujeito que se diz indignado com “essa safadeza que tomou conta do país”.

Ele está indignado com Dilma, Pezão e Solange, mas quando alguém anuncia que deseja ingressar na vida pública, a indignação fica de lado e ele se torna mais um Serveró... Mais um Zé Dirceu... Mais um Odebrecht. Ele deseja levar alguma coisa para votar. Qual a diferença do Serveró para aqueles que submetem o voto a barganhas? Como que um povo que acaricia essas práticas tem coragem de reclamar e anunciar que vai as ruas pedir impeachment de quem quer que seja? Os caras vendem o voto e reclamam dos pedidos de Vistas suspeitos e dos sequentes adiamentos de processos que tramitam no Superior Tribunal de Justiça? Como assim?

Mais ainda existe gente de bem, que como disse Rui Barbosa, “está com vergonha de ser honesta”. Ao quase pré-candidato que recebeu essa proposta indecente dos "amigos", eu sugeri que ele mandasse essas pessoas tomar vergonha na cara sem preocupação se eles ficariam chateados. Esse é o único caminho para acabar com a prostituição política onde o cafetão é o próprio povo! Mas falta coragem, porque o suposto amigo pode ficar triste. Todavia, a tolerância a essa prostituição ocorre porque “estamos com vergonha de ser honestos”. Virou moda malhar os políticos, mas falar da postura promiscua do eleitor, que enxerga o político como banco 24h, ninguém aborda, porque não é simpático e o prostituto pode ficar zangado e dar o voto a outro.

A hora que entendermos que essa troca de voto é uma prostituição, esse cenário de horror muda. A verdade é que o suposto cidadão de bem não tem escrúpulo. Ele está indignado da boca para fora e se porta como um morto de fome. Esse tipo de postura só interessa aos políticos desonestos. Eles não se importam quando são assaltados de quatro em quatro anos, porque durante quatro anos ele vai roubar o que é de direito dos mortos de fome, que se acham muito espertos por terem trocado o voto por R$ 50,00. Essa troca também pode ser por cargos, contração de serviços, locação de imóveis ou agregar veículos.

Os recursos que faltam para a Saúde, Educação, Transporte, Saneamento, Pavimentação etc., são distribuídos com os mortos de fome a cada eleição. Essa grana paga o combustível que eleitor ganha para colocar adesivo do candidato no carro. O dinheiro desviado pela corrupção não vai todo para paraísos fiscais. A maior parte custeia areia, tijolo, cimento, dentadura, cesta básica e/ou mimos para lideranças com quem se deseja “fechar um apoio”. Sim amigo, a prostituição existe, tem o seu ápice a cada eleição e o chefe desse meretrício é o próprio povo.

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