Flávio Azevedo
O Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) nunca esteve tão na mídia. A sigla chama atenção por estar em
duas frentes de batalha. A primeira é o bote que o vice-presidente Michel Temer
está tentando dar na presidente Dilma Rousseff (PT), que pode sofrer um
processo de impeachment. A segunda guerra acontece na Câmara de Deputados, onde
o presidente da Casa, Eduardo Cunha, também do PMDB, está enrolado numa série
de escândalos que acabam trazendo descrédito ao processo de afastamento da
chefe do poder Executivo nacional.
Nesse momento se percebe um PMDB
dividido em “amotinados” e “palacianos”. Os amotinados estão entrincheirados
com Eduardo Cunha e Michel Temer na luta pelo impeachment e pelo arquivamento
do processo contra Cunha. Já os palacianos preferem se colocar ao lado do PT e
da presidente Dilma Rousseff. Está em exibição uma novela interna, no PMDB, que
oferecerá longos e tristes capítulos que não tem como objetivo o bem estar do
país.
Ambas as partes quando vêm a público
tentam amenizar a postura patética do PMDB, que nitidamente só se alinha com
alguém pela lógica do toma lá da cá. O estopim da situação atual foi a decisão
do PT de apoiar a abertura de processo contra Eduardo Cunha, sabidamente,
desafeto da presidente. Nessa segunda-feira (14/12), prefeitos do PMDB de
capitais importantes do país estiveram com a presidente Dilma Rousseff para
reforçar o apoio a ela.
Essa colcha de retalhos que é o PMDB
nacional se repete em esfera estadual e municipal. Em território Fluminense,
por exemplo, está claro que existe uma divisão e que essa polarização
partidária se concentra nos deputados estaduais, Paulo Melo e Jorge Picciani. Não
da para esconder essa flagrante queda de braço. Eles jamais confirmarão isso oficialmente,
os aliados sempre tentarão amenizar, mas a divisão é flagrante.
E o PMDB de Rio Bonito? Não é
diferente! Apesar de estar povoada por nomes de peso da política municipal, a
sigla precisa se reinventar. Presidido pela prefeita Solange Almeida, o partido
tem duas lideranças emergentes que estão sendo castradas pelo pensamento
tresloucado da presidente do partido. Há quem diga que a teimosia e o ouvido
surdo da prefeita foram comprados na loja que tem como clientes, a presidente
Dilma Rousseff e o ex-prefeito Mandiocão. O certo, hoje, para o PMDB de Rio
Bonito prosperar seria a tática do ex-governador, Sérgio Cabral, que
desapareceu da mídia política para dar a eleição a Pezão.
Os nomes emergentes do PMDB são os
vereadores Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis; e Marcos Fernando da Fonseca, o
Marquinhos Luanda. O cenário é o seguinte: embora esteja no primeiro mandato de
vereador, Luanda foi convidado por Jorge Picciani para ser candidato a deputado
federal e dentro de Rio Bonito conseguiu cerca de 10 mil votos, o que o
credenciou como liderança da sigla e afilhado político de Picciani. Já o vereador
Reis, eleito com quase 2 mil votos, está no quarto mandato de vereador, preside
a Câmara, é afilhado político de Paulo Melo e tem influência significativa na
gestão do município.
Estamos falando de duas estrelas que precisam
ganhar vida própria para evoluir, mas que não conseguem porque a presidente do
PMDB local não larga o osso. Desgastada com a opinião pública, juridicamente
inviável e representante de um modelo político ultrapassado, Solange Almeida é uma
pedra de tropeço na carreira política de Reis e Luanda.
Não é possível ignorar a liderança política
da prefeita; não se pode esquecer o seu histórico na vida pública (os cargos
que ocupou); ela tem 10 mil votos encabrestados pelos favores prestados ao
longo dos últimos 20 anos; e o principal: um poder de persuasão que mescla cara
de pau e falta de vergonha. O problema é que esse histórico não esconde mais a gestão
pífia (aplaudida por meia dúzia de puxa sacos) e o histórico de processos contra
ela que se arrastam na Justiça e são protelados por conta de alianças com o que
há de pior na política nacional.
Para Reis e Luanda, o melhor seria que
a prefeita reconhecesse as suas fragilidades, se ausentasse do processo eleitoral
e permitisse que eles duelassem pelo posto de liderança maior do PMDB, porque
assim como Eduardo Cunha trás descrédito ao processo de impeachment da
presidente da República, Solange Almeida trás descrédito para as novas lideranças
que visivelmente buscam patamares mais altos na vida pública.
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