domingo, 5 de julho de 2015

Sem liderança política a crise se avoluma e se agrava

Flávio Azevedo 
Porque a prefeita de Rio Bonito é a principal responsável pela crise econômica que atinge Rio Bonito? Essa é uma pergunta que não conseguiremos responder sem analisarmos as responsabilidades e comportamentos dos políticos e da sociedade. Não é correto colocar somente na prefeita, a culpa de um problema que é nacional e, sobretudo quando esse problema tem como nascedouro a própria sociedade que é irresponsável, adora um mole, curte a corrupção e transfere as suas atribuições para o outro. É bom acrescentar que nos países em desenvolvimento, a crise não é econômica, mas sempre estrutural e conjuntural.

E Rio Bonito exemplifica bem essa realidade, quando percebemos que a máquina pública não está preocupada com questões chaves como alugueis exorbitantes, falta de oportunidades, empresas encerrando as suas atividades (lojas fechando portas) etc. Não vemos nenhuma criatividade e iniciativa por parte do ente público, para lutar contra a crise – que sim, realmente é nacional. O governo municipal não debate esse tema e não busca liderar a sociedade riobonitense numa cruzada contra a crise. Diante desse cenário, o gestor do município acaba tendo a maior fatia de responsabilidade.

No último dia 24 de junho, por exemplo, numa reunião voltada aos empresários, evento fomentado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, o discurso oficial adotado foi de que o empresariado local se limita a choramingar e não reage às adversidades. Ora bolas, alguém está de brincadeira! Recentemente, o empresário Dalmo Henrique de Souza Lima, proprietário de uma das maiores distribuidoras de bebidas da Região, queria expandir os seus negócios para o Condomínio Industrial do município, mas a concessão foi negada.

Nesse mesmo período, marginais roubaram mais de R$ 100 mil de um supermercado da cidade, quando os funcionários levavam o dinheiro para o Banco. Que as lojas estão fechando nós estamos vendo. Que o preço do aluguel praticado em Rio Bonito está totalmente fora da realidade não há dúvida. O engraçado é que ninguém percebeu que nos últimos anos a iniciativa privada só investiu em imóveis. Virou uma febre esse negócio de fazer casa para alugar. Ninguém percebeu, a começar da classe política, que isso poderia gerar uma crise doméstica?

O município tem empresários importantes do setor imobiliário e eu não estou falando desse grupo. O transtorno vem dos curiosos que ao verem o aquecimento do setor largaram os seus negócios, venderam bens e migraram para essa atividade, mesmo não tendo lastro e experiência no ramo. Quando atribuímos aos políticos algumas responsabilidades que eles não gostam de ter é pelo simples fato de que prefeito e vereadores tinham que ter usado a liderança dos seus cargos nesse momento para frear a modinha do “fazer casa para alugar”. Quem comanda precisa, em alguns momentos, desagradar setores e pessoas em nome da coletividade. O problema é que essa galera só pensa em voto, manutenção de poder e no próprio umbigo.

Se não existe bom senso na questão dos alugueis, por que a Prefeitura não ergue um prédio (uma espécie de shopping) e faz concessão, GRATUITA, das lojas? Elimine luvas e outros instrumentos desnecessários e teremos muita gente interessada. Duvido que os alugueis exorbitantes das lojas convencionais não serão reduzidos. Aliás, quem se lembra da feira que ria ser feita dentro do Esporte Clube Fluminense há alguns anos? Alguns empresários reclamaram e o poder público, para atender esse grupo, não permitiu a realização da feira. Pergunto: qual a contrapartida disso para a população que consome? Nenhuma.

Termino destacando que se o poder público é ausente em nos liderar nessa cruzada desigual, o empresariado também não abre mão da margem de lucro para manter o riobonitense consumindo no comércio local. Ignoram o fato de que podem ganhar no montante. Assim, as excursões para São Paulo e Rua Tereza (Petrópolis) continuam acontecendo. Outro problema é a mentalidade tresloucada dos consumidores, que não debatem esses temas por desinteresse, desconhecimento, porque só sabem reclamar ou simplesmente porque não usam a cabeça para pensar coletivamente!

Esse cenário só existe porque não temos lideranças políticas de fato, uma vez que aqueles que ocupam funções de quem se espera essa postura se mantem no poder a reboque das deficiências estruturais e conjunturais da sociedade.

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