domingo, 14 de junho de 2015

Morre Leir Moraes, um dos filhos mais ilustres da história de Rio Bonito

Flávio Azevedo 
O dia 13 de junho de 2015 entra para a história de Rio Bonito. Mas é uma história de perda, de tristeza e a certeza da abertura de um vazio que jamais será preenchido. Por volta das 22h30min, faleceu o advogado, poeta e escritor, Leir Souza Moraes, ou simplesmente Leir Moraes, a maior personalidade riobonitense dos últimos tempos. Próximo de completar 80 anos, que seriam celebrados no próximo dia 04 de outubro, Leir é um ícone da Cultura, do Direito, do Jornalismo e conhecia como poucos o funcionamento técnico e jurídico do serviço público.

Morador do bairro da Caixa D’Água onde se fixou desde a década de 90, quando retornou ao município, depois de anos radicado em Niterói, Leir era sempre certeza de um bom papo e muito aprendizado. De acordo com o advogado, Marcus Fernando Moraes, filho de Leir, os seus problemas de Saúde se agravaram no último mês e nesse sábado ele precisou ser internado. Muito abatido e enfrentando uma série de complicações, ele estava no CTI do Hospital Regional Darcy Vargas. Os esforços por estabilizar o quadro foram em vão, a situação se agravou e evoluiu para o óbito.

Sempre saudosista e nos últimos anos recluso por opção em sua casa, ao ser visitado Leir falava da saudade que sentia dos companheiros de “Corriola” (nome de um dos seus livros). “Eu não sei o que estou fazendo aqui, porque sinto falta de Ângelo Longo e Hélio Nogueira, companheiros que sempre estiveram comigo e de quem eu sinto muito falta”. Na antiga Biblioteca Municipal Celso Peçanha, onde sempre existia uma comemoração para celebrar o aniversário de Leir, em 2006, em entrevista ao iniciante jornalista, Flávio Azevedo, o poeta, sempre muito brincalhão, disse que “quando as pessoas começam te homenagear é porque você está perto de morrer”.

Homenagens

Tomado pela emoção da perda, “acabou a poesia” foram as únicas e significativas palavras escrita pelo filho Marcus Fenando Moraes, no seu perfil no Facebook. Em festa pela reestreia, o Espaço Cultural Lona na Lua ficou mais triste com a chegada da notícia do falecimento de Leir. Ícones culturais da nova geração, o ator Zeca Novais; e o músico, Marcelo Cardoso, o Marcelo Kaus, lamentaram a perda. Também escreveu sobre o passamento de Leir, o jornalista riobonitense, Vinícius Martins. De forma muito singela, mas muito profunda, ele escreveu a dedicatória com um texto do livro Corriola, uma das obras de Leir.
– “Quem põe mão, põe condição. Diz o dito. Comigo, foi pra lá de real. Por isso me dói a notícia de que meu padrinho, Leir Moraes se foi na noite deste sábado de Santo Antônio. Poeta sensível. Romancista de primeira linha, homem público como poucos. Mas, acima de tudo, um amante de sua terra e sua gente. Fica um vazio enorme. Seu romance Corriola, que se passa em uma Rio Bonito que não existe mais, ele dá o ponto final dessa forma: "A Corriola morria com Aristeu e Roberto. E morria também a Toca, colocando portas, ela que vivera permanentemente aberta, como um templo de alegria. Colocou portas e, pouco depois, desapareceu, transformando-se em bar em pé... Em pé, talvez na reverência maior, de todos que ali chegam, à saudade que ficou". Vai poeta, esse mundo aqui estava muito ruim para a sua alma. Vá em busca da luz que te pertence por direito.


No seu texto noticiando a morte de Leir Moraes, o funcionário público Nadelson Nogueira destaca a atuação de Leir como advogado e servidor público. “A atual geração conhece a reputação e a trajetória do escritor e poeta. Todavia, irei além dos limites da cidade de Rio Bonito, atentando para o período em que o saudoso Leir Moraes exerceu, no Serviço Público, os cargos de diretor de divulgação e diretor geral da extinta Agência Fluminense de Informações, de chefe de gabinete do secretário de administração do Estado do Rio de Janeiro (1975), de secretário de administração da Prefeitura de Niterói/RJ (1983/88) e de chefe de gabinete da Prefeitura de Rio Bonito (1993). Os advogados da escola clássica mencionavam sua atuação brilhante nos júris, bem como a oratória e eloquência perante as autoridades no exercício da advocacia”.

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