sábado, 2 de maio de 2015

Nesse Dia do Trabalhador...

A professora Maria de Fátima Monteiro Pereira, com o microfone, é uma das vozes nesse grupo de profissionais de Educação que sabem bem o que buscam.
... O meu respeito a todos os trabalhadores! Hoje, porém, eu quero reverenciar um grupo de trabalhadores que está fazendo a diferença em Rio Bonito, os profissionais de Educação, categoria que está promovendo um divisor de águas na história política da “Cidade Risonha”. Estou falando dos “cabeças de obra” que decidiram mudar as suas histórias. Permitam-me homenagear também aqueles que são apenas “mão de obra”, aqueles que por uma série de razões não aderiram ao movimento grevista montado pelos “cabeça de obra”.

Estamos falando de profissionais que precisam dar conta de pequenos que chegam à escola sem Educação, porque os pais ainda não entenderam que a professora é responsável pela escolaridade e não pela Educação dos seus filhos. Todavia, esses pais, por mais relapsos que possam parecer, são trabalhadores que por precisarem trabalhar acabam falhando na tarefa de educar. Por vezes, esses pequenos são filhos de profissionais de Educação que precisam trabalhar em três turnos para sobreviver com um mínimo de dignidade.

Eu tenho certeza que a sociedade reconhece a importância e o esforço dos trabalhadores da Educação. Talvez aqueles que não aderiram ao movimento grevista, uma manifestação legítima que tem o seu nascedouro na classe trabalhista, ainda não tenham percebido a importância da sua atividade. O Educador tem o poder de transformar e essa transformação só não é mais eficiente porque a escolaridade (Educação Secundária) acaba sendo comprometida com a falta de valores que esse pequeno deveria trazer de casa (Educação Primária).

A professora Elaine Jansen é mais um símbolo de resistência e engajamento dos profissionais de Educação da rede municipal de Rio Bonito.
Nesse Dia do Trabalhador, uma grande pensadora contemporânea escreveu na sua página no Facebook, que “não tem feriado para quem quer trabalhar por uma cidade linda de viver”. Para os incautos, para aqueles que têm preguiça intelectual ou para quem recebe para aplaudir, essa frase de efeito é fantástica e corajosa. Todavia, essa linha de pensamento é um desprezo aos clamores da massa trabalhadora que é oprimida por salários de fome, mãos de ferro e vigilância panóptica.

Eu explico o panóptico. No fim do século XVIII, o filósofo inglês Jeremy Bentham desenvolveu a ideia do panóptico, inicialmente idealizado para o sistema penitenciário. Percebeu-se que o nascedouro dos golpes de estado era nas escuras masmorras. A ideia foi substituir as arcaicas prisões por celas construídas em círculo que tinham ao centro uma torre de observação, que conseguia visualizar todos os pontos e todos os presidiários.

Posteriormente, esse sistema foi estendido às escolas e indústrias, para tornar esses locais eficientes e produtivos. Mais foi o francês Michel Foucault que evoluiu o panóptico de Jeremy Bentam para o status de ferramenta de controle social.

Nos últimos anos, a partir da internet, novas tecnologias de comunicação e informação surgiram, permitindo novas formas de vigilância e controle social. A mais utilizada e democrática delas é a mídia social, por exemplo, o Facebook, instrumento que mascara as reais intenções de vigilância e controle de indivíduos; e disfarça os objetivos de quem utiliza esse espaço para vigiar e punir os autores de determinado pensamento. Adiante, o também francês, Giles Deleuze, analisou ambos os conceitos e criou a lógica da “sociedade de controle”, porque ele percebeu que nesse novo cenário, todos observam e vigiam.

Profissionais da rede municipal de Educação em manifestação pela ruas de Rio Bonito no último dia 29 de abril.
Aos amigos trabalhadores, sobretudo você que está inserido nessa conjuração riobonitense que visa mudar salários, a condição física das escolas etc., eu aviso que o DOI- CODI está de olho em vocês, mas segundo Giles Deleuze vocês também podem ficar de olho no DOI-CODI e na sua mentora intelectual. O Dia Trabalhador é celebrado nessa data, porque foi no dia 1º de maio de 1886 que um protesto de trabalhadores, em Chicago-EUA, virou uma batalha campal que terminou com o saldo de um policial morto, 38 operários mortos e 115 feridos. Cerca de 300 líderes grevistas foram presos. Naquele tempo, a reivindicação era pela redução da jornada de trabalho, tratamento igual para homens e mulheres independente de ofício e idade.

Hoje, embora as manifestações sejam por outras questões, o poder dominante segue oprimindo e, como aconteceu no Paraná, agredindo. Entretanto, a principal pressão é exercida sobre os “cabeças de obra”. Para o politico, quem se limita a vender a sua “mão de obra” não tem a mesma importância do “cabeça de obra”, aqueles que além de vender o seu “trabalho”, usa a “cabeça” para resistir pressões, agregar pessoas aos seus objetivos, enfrentar injustiças, articular novos pensamentos, mas sempre de maneira inteligente e organizada.

Feliz Dia do Trabalhador!

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