segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Queda de árvore no Centro de RB reacende discussão sobre políticas públicas nessa direção

Flávio Azevedo 
A árvore caiu na casa de número 275, no fim da Rua Vereador Joaquim de Castro, no Centro de Rio Bonito. 
Depois dos muitos debates e das reações contrárias aos cortes de árvores que ocorreram na Bela Vista, em Rio Bonito, mais um episódio envolvendo uma árvore faz o assunto retornar ao centro das discussões. O episódio que provoca o retorno da pauta foi um acidente que aconteceu na Rua Vereador Joaquim de Castro, próximo a BR – 101, onde uma árvore caiu por cima do muro de uma residência. O episódio aconteceu na noite do último dia 17 de janeiro. Ninguém ficou ferido, mas quem passava pelo local ficou assustado. O trecho é caminho dos moradores do Boqueirão.

Por ocasião do corte das árvores da Bela Vista, ação recomendada pelo biólogo, Leonardo Luiz de Almeida Ferreira, técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a maior parte da população criticou os cortes. A queda dessa árvore, porém, que ocorreu num dia em que não chovia e não havia vento, comprova que o relatório apresentado pelo biólogo não está equivocado. Em participação na reunião da Agenda 21 loca, no dia 10 de novembro, ele havia afirmado as árvores foram examinadas e constatou-se que elas estavam infestadas de cupim.
– Em agosto nós tivemos um acidente no viaduto, quando dois eucaliptos caíram. Por conta dessa ocorrência, nós fomos examinar as árvores daquele trecho e descobrimos que elas estavam tomadas pelos cupins. Na verdade, todas as árvores daquele trecho da cidade estão com praga, mas nós só cortamos aquelas que representavam risco – explicou Leonardo, acrescentando que externamente a árvore parecia estar saudável, “mas o cupim vem pelo chão, come a árvore internamente e externamente não é possível perceber a ação dele”. 
Diante de integrantes da Agenda 21 de RB, o biólogo, Leonado Ferreira, apresenta documentos que justificam o corte das árvores da Bela Vista e comprova a infestação por cupim de várias árvores.
Na ocasião, o biólogo ressaltou que existe a possibilidade da maior parte das árvores da cidade estarem infestadas de cupins. “Não é possível precisar isso, mas essa é uma hipótese que não pode ser descartada, porque em outros pontos de Rio Bonito é possível perceber a infestação de cupim e todas as árvores correm risco”. Questionado sobre a possibilidade de se tratar a árvore e combater os cupins, o biólogo alertou que existe uma série de protocolos que proíbem o uso de venenos para esse fim, “porque os produtos podem ser nocivos ao homem e contaminam o solo e o lençol freático”.
– Eu particularmente faço o possível para proteger uma árvore, mas em determinados momentos nós precisamos entender que seria melhor cortar uma ou outra. Na Bela Vista, a ação da Defesa Civil foi correta, porque as árvores ofereciam riscos. Todas as árvores daquele local estão infestadas, mas somente as que representavam perigo foram retiradas – disse o biólogo, que aproveitou a ocasião para lembrar que “os eucaliptos não são árvores apropriadas para a área urbana, porque ela por si só apresenta uma série de problemas que vão desde o tamanho, a fragilidade do tronco e a falta de copas, que a tornam vulneráveis diante dos ventos fortes”.

Sobre as podas, consideradas por algumas correntes ações muito agressivas, o biólogo explicou que as intervenções feitas nas árvores da Av. Santos Dumont e Beira Rio, próximo ao Rio Bonito Atlético Clube, ocorreram daquela maneira, “porque as arvores estavam infestadas por um parasita conhecido como erva de passarinho sendo necessário aquele procedimento”. Ele também comentou que nesses pontos as árvores não eram podadas há cerca de 10 anos e destacou que “para o bem da própria árvore é preciso de vez enquanto acontecer uma poda mais agressiva, para que ela brote com mais vigor”.
– Em algumas oportunidades nós também descobrimos que as árvores estão doentes ou atingidas por alguma praga e temos que tirar toda a área atingida. Em muitas ocasiões, a árvore tem que ser cortada na sua totalidade, porque ela pode ser um transmissor daquela praga para as demais. Isso geralmente acontece quando tem outras ao seu redor. Ali na Av. Santos Dumont, por exemplo, cerca de 10 árvores precisaram ser removidas, já que a infestação de praga era muito grande, porque há muitos anos elas não recebiam um tratamento adequado – explicou Leonardo, acrescentando que as podas são realizadas sob a sua supervisão.

Nota da Redação 
A tragédia está se anunciando, mas quem deveria tomar providência está preferindo pagar para ver.
Apesar da ação importante do biólogo, Leonardo Luiz de Almeida Ferreira, que provou estar correto em sua ação, a queda de mais uma árvore mostra que o técnico e as suas recomendações não estão sendo assimiladas pelo poder público municipal. Não precisa ser muito esperto para perceber que Rio Bonito, município que tem uma vasta área verde na área urbana, ainda não dispõe de um serviço atuante e equipado que cuide com excelência do setor de Parques e Jardins. Também é possível perceber que apesar da orientação técnica, ainda não definiram uma política pública para setor urbanístico e paisagístico da cidade.

Também chama atenção o fato de não existir nenhuma iniciativa consistente da Prefeitura Municipal, que vise o plantio de mudas que compensem a ausência das árvores arrancadas e/ou aquelas que serão derrubadas (e não são poucas). Concluímos destacando que encontrar 'ativistas' e defensores do verde indignados com a “agressão às árvores” não é difícil, mas reunir voluntários para o replantio de árvores ou que desejem participar de um reflorestamento não é nada fácil.

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