sábado, 17 de janeiro de 2015

Aos colegas técnicos de enfermagem do Hospital Regional Darcy Vargas

Flávio Azevedo 
Categoria da Enfermagem reunida e definindo que vão entrar em greve no próximo dia 22 de janeiro. Uma greve que chega com atraso de 20 anos.
Esse texto eu dedico aos meus colegas técnicos de enfermagem que estão vivendo dias difíceis no Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), em Rio Bonito. Os seguidos atrasos salariais; o não pagamento do 13º salário; o pagamento referente a dezembro, hoje, 17/01, ainda não foi efetuado; a recusa da direção do Hospital em atender reivindicações que se arrastam há cerca de 20 anos; tornam a vida dos colegas muito difícil. Famílias (marido e mulher) que ganham o seu sustento vendendo a sua mão de obra para o HRDV, já começam a passar necessidades.

Há quem diga que exista um suposto decreto silencioso que consiste na proibição de se tocar no assunto “pagamento”. Quem insistir pode ser punido com advertência e demissão. E dentro desse cenário existe uma coisa inusitada. Um técnico de enfermagem que atua na gestão da instituição, que estaria, segundo seus colegas, mas defendendo o patrão que a sua categoria.

Mas a Sociologia explica a postura desse colega aos indignados profissionais de enfermagem. Para isso, porém, é preciso entender os fenômenos, “LUTA”, “ACOMODAÇÃO” e “ASSIMILAÇÃO”. Como ponto de partida, eu sugiro a análise dos povos africanos que viviam escravizados no Brasil. Alguns negros “LUTAVAM” até a morte e não se rendiam aos europeus. Outros, simplesmente se “ACOMODAVAM” diante da Cultura do europeu, agiam como se estivessem conformados, mas diante de qualquer falha na vigilância, eles fugiam e corriam até o quilombo mais próximo.

Outros escravos, porém, “ASSIMILAVAM” a Cultura do europeu. Apesar de negro e escravo, eles agiam como o senhor de engenho. Aliás, não são raros os casos de negros que tinham escravos dentro das senzalas. O mais grave, porém, não é isso. O “Capitão do Mato”, aquele temido sujeito que era o responsável por capturar o “negro fujão” e surrá-lo no tronco, você acredita que esse cara era negro?

Sendo assim, eu concluo dizendo que num quadro de funcionários de qualquer empresa nós teremos aqueles que “LUTAM”, os “ACOMODADOS” e os “ASSIMILADOS”. Geralmente os “ASSIMILADOS” parecem estar em maior número, mas é porque eles se misturam aos “SEM FACÇÃO”, um grupo que é maior que “LUTADORES”, “ACOMODADOS” e “ASSIMILADOS” juntos. Sempre pessimistas e medrosos, os “SEM FACÇÃO” podem ser identificados através de frases clássicas como: “isso vai dar em nada!”; “acho melhor largar isso para lá!”; “vocês são um bando de palhaços!”; “eu é que não vou participar disso!”; “não vai adiantar nada isso, gente”; “vocês são doidos, vão acabar perdendo o emprego”; entre outras colocações que expõe frouxidão e complexo de inferioridade, características que impede aquele funcionário, inclusive, de ingressar nas outras facções.

Portanto, seja você funcionário do Hospital Darcy Vargas ou qualquer outra empresa, você sempre verá os que “LUTAM”, não se aborreça com os “ACOMODADOS”, não tenha grande preocupação com quem “ASSIMILOU”, mas fique de olhos bem abertos aos “SEM FACÇÃO”, porque eles – embora não gostem do patrão e não concordem com os seus métodos – não deixarão passar a oportunidade de mostrar uma falsa lealdade fazendo fofocas sobre quem “LUTA” ou denunciando a estratégia do “ACOMODADO”.

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