domingo, 7 de setembro de 2014

A absurda inoperância do poder público na gestão da Saúde

Flávio Azevedo 
Nesse domingo (07/09), Dia da Independência, somos marcados, no Facebook, em mais uma reclamação sobre a Saúde Pública do município de Rio Bonito. A marcação foi feita por Betânia Carvalho, que expõe um problema enfrentado pelo seu sobrinho, que ao precisar de cuidados médicos emergenciais, não conseguiu socorro nem no Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), nem na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município. Segundo ela, a criança foi atendida em Itaboraí. A reclamação, que tem sido recorrente nas mídias sociais, mostra que ainda falta muito para o Brasil ser realmente um país independente.

Ela escreveu assim: “Indiguinadaaa!!! Saúde em Rio Bonito uma porcaria... 
Minha sobrinha cai, bate a cabeça e chegando no Hospital não tem médico para atender... Chega na UPA não tem médico para atender. Absurdo! Cabeça é coisa séria. Se tiver que morrer morre, é isso? Revoltada com essa prefeita Solange Almeida, nos deixando largados as traças e tendo que recorrer a outros municípios. É isso, só temos Deus por nós!”.

A reclamação também trás nitidez a outra questão: como é ruim subir num palanque e falar bobagem no período eleitoral! Como seria bom, se os nossos políticos aproveitassem os comícios para instruir a população sobre o funcionamento da máquina pública! Como seria positivo, se eles usassem a ocasião para aposentar velhas práticas! Melhor ainda, se os candidatos a qualquer cargo eletivo percebessem que o palanque não é um picadeiro e que o público, embora muitos se comportem como tal, não são palhaços!

Convém lembrar que a internauta está coberta de razão ao reclamar, mas a falta de médicos, uma deficiência que existe há algum tempo em Rio Bonito, não pode ser atribuída apenas aos políticos, que tem culpa no cartório unicamente porque a cada eleição, eles sobem no palanque e ‘vomitam’ um monte de tolice. A verdade e que a grande maioria diz asneiras que levam o povo, que não tem formação e conhecimento de causa, achar que o problema é de ordem política, quando na verdade a questão da Saúde é social e a solução tem que partir da Presidência da República.

A falta de médicos começa pelo fato de que os municípios de menor porte, por questões orçamentárias, não conseguem oferecer salários atraentes como os grandes centros. Outro problema é a formação acadêmica e cultural desses profissionais, geralmente filhos de famílias abastadas. Estamos falando de meninos e meninas que, por conta da criação e meio em que vivem, não conseguem ser sensíveis aos sofrimentos das camadas menos favorecidas, que é a clientela das emergências e hospitais públicos.

Outra coisa: as universidades formam menos médicos do que a demanda. Por outro lado, poucos conseguem ingressar na universidade para estudar Medicina, uma vez que essa disciplina é controlada pelas máfias da Medicina e do ensino superior. Só consegue ingressar na graduação de Medicina quem tem ‘pedigree’. A razão é simples: ser médico no Brasil é símbolo de status, logo essa função não pode ser desempenhada por “qualquer um”. Para ser médico é preciso ter um sobrenome rico, uma vez que no Brasil poder e dinheiro são palavras que se equivalem.

Todavia, apesar dessa situação social clara, a cada eleição os políticos insistem em subir no palanque para dizer que o adversário é incompetente. E pior, como se essas questões se resolvessem num passe de mágica, ele promete, “se eleito for”, mudar o cenário, mesmo sabendo que não vai. O problema é que “desconfiômetro” e “sensatez” são palavras inexistentes no dicionário de boa parte daqueles que entram na política.

Encerramos dizendo que as afirmações escritas nesse texto não são bem vindas, mas essa é a lógica da falta de médicos em Rio Bonito e em todo território nacional. Aproveitamos a ocasião para destacar que quando escrevíamos isso no governo anterior, os simpatizantes do atual governo diziam que estávamos tentando defender o ex-prefeito Mandiocão e a ex-secretária de Saúde, Maria Juraci Dutra. Pois bem, hoje, quando os problemas se repetem e Mandiocão não é mais o prefeito, a culpa é de quem? É da prefeita? É do atual secretário de Saúde?

Bem, como este jornalista não tem a desfaçatez dos políticos e dos seus puxa-sacos, nós continuaremos dizendo que o chefe do poder Executivo e o secretário de Saúde não podem ser responsabilizados por essa questão, que e um problema nacional. Esperamos, porém, que a lição tenha sido aprendida; que o grupo político que administra a cidade, não use mais o período eleitoral para fazer o nosso ouvido de penico (com essa conversa fiada de “Governo da Saúde”); e que a gestora do município venha a público de maneira clara e sem rodeios expor a nítida guerra fria que acontece entre a Prefeitura e alguns membros da direção do Hospital Darcy Vargas.

Concluímos com um pensamento: “na luta do rochedo com o mar, quem apanha é o marisco”.

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