quinta-feira, 19 de junho de 2014

O CRESTINISMO RELIGIOSO

Flávio Azevedo

O rei Xerxes e soberanos da antiguidade se intitulavam "deuses".
Na faculdade, numa matéria chamada “Cultura Brasileira”, nós estudamos sobre o “SINCRETISMO RELIGIOSO” no Brasil. Acontece que os negros escravos usavam signos do catolicismo europeu para adorar os orixás africanos, já que os senhores de engenho proibiam os negros de cultuarem livremente os seus orixás, por achar que aquela adoração era feitiçaria. Assim, Jesus Cristo virou Oxalá Menor (Deus é o Oxalá Maior); São Jorge, Ogum; Nossa Senhora da Conceição, Yemanjá; Santa Bárbara, Yansan; São Sebastião, Oxossi; etc. Existe uma variação de nomes de acordo com a região (Rio de Janeiro ou Bahia).

É uma matéria apaixonante.

Séculos depois, a religião enfrenta outro fenômeno de nome parecido. Estamos falando do “CRETINISMO RELIGIOSO”, uma síndrome que é provocada pela cegueira espiritual e pelo materialismo religioso. Tudo começa com o hábito de divinizar líderes religiosos. O problema é que não são raras as oportunidades em que os tais líderes se apropriam da inocência dos fiéis para no melhor estilo Xerxes (soberano da Pérsia interpretado, no cinema, pelo ator brasileiro Rodrigo Santoro/filme 300) decidir a vida dos outros. Diga-se de passagem, quem ousa discordar ou enfrentar os tais soberanos é considerado herege, pode ser perseguido e corre o risco de ser excomungado da congregação de crentes. Aliás, se estivéssemos em outros tempos, a fogueira ou o cadafalso seria o destino dos tais rebeldes.

A verdade é que por parte dos fieis não há hipocrisia. Já por parte de alguns líderes religiosos, o que vemos é oportunismo. Contudo, não é saudável chegar a essas e outras conclusões, porque como aconteceu com Jesus Cristo, que se insurgiu contra os líderes religiosos do seu tempo, o rebelde pode ser crucificado pela própria igreja (coisa similar ao Mito da Caverna de Platão). Esse conjunto de posturas e cenários dá origem ao “CRETINISMO RELIGIOSO”, fenômeno que impera em todos os credos.

No nosso entendimento, estamos no período religioso que a Bíblia, no livro de Apocalipse, classifica como Laodicéia. Analise as características de Laudicéia e veja se elas não correspondem ao nosso tempo: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”.

Aí vem a advertência de Jesus Cristo (no texto chamado de Testemunha Fiel e Verdadeira). “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”. É exatamente o reconhecimento dessa pobreza espiritual, que Jesus classifica como desgraça e miséria, que o “CRETINISMO RELIGIOSO” não permite assimilar.

Na sequência Jesus alerta: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. (Apocalipse 3:14-20).

O “CRETINISMO RELIGIOSO”, porém, é como a hanseníase (lepra). A principal característica da hanseníase é a perda da sensibilidade. Assim, o “CRETINISMO RELIGIOSO” não permite que as pessoas sintam Jesus batendo na porta do seu coração. O dedo de Cristo deve estar calejado, porque o “CRETINISMO RELIGIOSO” torna o cristão tão insensível e autossuficiente (rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta) que ele passa a achar não precisa nem de Jesus. Ele pensa que basta ir à igreja, basta devolver o dízimo, basta entregar as ofertas, basta escutar o sermão do líder religioso, bastar dançar nos momentos de louvor e se esquece da comunhão com Deus, que só é possível se o sujeito ouvir as batidas de Cristo na porta do seu coração e abrir a porta para que Ele possa entrar.

Finalizamos com o texto de Salomão: “a soberba precede a ruína e a altivez de espírito precede a queda” (Provérbios 16:18). Está na hora de adquirirmos e usarmos o colírio da Testemunha Fiel e Verdadeira para que possamos ver a nossa real condição: “desgraçados, miseráveis, pobres, cegos e nus”.

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