segunda-feira, 30 de junho de 2014

Estado de Saúde do deputado Paulo Melo representa situação dos municípios do interior fluminense

Flávio Azevedo

Na manhã dessa segunda-feira (30/06), durante a inauguração da Avenida Antônio Carlos Guadelupe, (Via Verde), que liga o Green Valley ao Basílio, em Rio Bonito, o governador Luiz Fernando Pezão estava na companhia de um aliado que é uma fotografia fiel do interior do Estado do Rio de Janeiro durante a gestão Sérgio Cabral. Sentado numa cadeira de rodas e com o pé enrolado numa tala ortopédica, o deputado e presidente do parlamento estadual, Paulo Melo, ainda tinha algumas expressões de dor e visivelmente não estava confortável.

Vítima da ação de assaltantes que tentaram invadir a sua propriedade, em Lavras, interior de Rio Bonito, na noite do último dia 21 de junho, o parlamentar machucou o pé quando corria no interior da sua residência tentando se refugiar do tiroteio que ocorreu entre os seus seguranças e os marginais. A polícia já identificou os bandidos. Eles fazem parte de uma quadrilha especializada em assaltos a sítios e fazendas.

Embora alguns segmentos da sociedade riobonitense não goste desse tipo de notícia, há anos a violência por aqui cresce e atinge principalmente as localidades interioranas. A dor e as impossibilidades momentâneas do deputado Paulo Melo representam a realidade dos municípios interioranos: entregues a própria sorte. O deputado, apesar de toda sua influência política, sentiu na pele o que há anos os proprietários de sítios e fazendas de Rio Bonito e região estão experimentando.

Nas reuniões do Conselho Comunitário de Segurança (CCS), o assunto tem sido comentado com regularidade. Moradores do interior do município e representantes dos trabalhadores rurais já participaram de inúmeros encontros cobrando investimento em Segurança e, principalmente, patrulhamento para o interior. A cúpula do governo do Estado, porém, segue insensível aos clamores dos riobonitenses.

Comitivas com representantes de vários segmentos da sociedade riobonitense e cidades da região já estiveram com o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, para reclamar a situação, cobrar o aumento do efetivo das Polícias Militar e Civil que atuam no interior, mas o secretário não esconde que a prioridade do governo estadual é a capital.
– A cidade do Rio de Janeiro está sendo preparada para os grandes eventos que irá receber, entre eles, a Jornada Mundial da Juventude (2013); jogos da Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016) – disse Beltrame em várias oportunidades.

Clamor

No dia 28 de junho de 2011, durante reunião agendada pela então deputada federal, Solange Almeida, lideranças de Rio Bonito como o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), André Goettert; o presidente da 35ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), César Sá; o presidente do Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), Luis Gustavo Martins; o empresário e então presidente do CCS, Bruno Soares; o advogado, Luis Guilherme Cordeiro; e o jornalista, Flávio Azevedo; estiveram com o secretário José Mariano Beltrame. O objetivo do encontro foi reclamar a presença do Estado no município no que tange a Segurança Pública.

Representantes da população da sociedade civil organizada de Rio Bonito reunidos com José Mariano Beltrame em 2011
O secretário reconheceu as deficiências da Segurança; reclamou que quando assumiu encontrou a Secretaria em estado de abandono; disse que o governo do estado investiu R$ 15 milhões na recuperação da Academia de Polícia Militar D. João VI; prometeu ampliar o volume de policiais militares e civis em Rio Bonito e região; mas nada mudou.
– O objetivo é aumentar o efetivo em todo estado e repor as perdas que existem com mortes, aposentadorias, exonerações e abandono da carreira. A partir do próximo mês de agosto, nós formaremos, mensalmente, 500 novos policiais. Compor o quadro com números que se aproximem da necessidade do estado é um trabalho de médio e longo prazo – disse Beltrame, anunciando uma possibilidade que até agora não foi aconteceu.

Realidade

O deputado Paulo Melo tem uma propriedade bem cercada e conta com a segurança de Policiais Militares. Todavia, a realidade do cidadão comum; dos moradores do interior; e até dos próprios policiais é bem diferente. Na reunião do CCS do último dia 20 de maio, o comandante da 3ª CIA da Policia Militar, Anderson Sodré, comentou que nos últimos dias a PM estava atuando com apenas uma viatura para atender todo município, porque o ‘propalado’ contrato com a empresa privada que cuida da manutenção das viaturas não havia sido renovado pelo Estado. Assim, os veículos que sofrem “baixas” não estavam sendo repostos. 

Também reclamam de falta de pessoal e falta de aparelhamento técnico, os policiais civis. O delegado Paulo Henrique da Silva Pinto, titular da 119ª DP por mais de dois anos, sempre reclamou das dificuldades estruturais para concluir inquéritos e dar agilidade às investigações. Embora venha efetuando a prisão de quadrilhas, traficantes e esticas, o delegado Carlos Eduardo Almeida, que sucedeu Paulo Henrique, não encontrou um cenário diferente.

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