sexta-feira, 21 de março de 2014

Acidente que vitimou dois adolescentes é assunto na Câmara de Vereadores

Flávio Azevedo 
A tragédia que vítimou os adolescentes foi amplamente debatida na Câmara. Os parlamentares fizeram 'mea culpa' e cobraram força tarefa dos poderes constituídos, da sociedade e, sobretudo das famílias.
A tragédia da última quarta-feira (19/03), que vitimou os adolescentes, Jesus Emanuel (13 anos) e Davi Ferreira (14 anos), repercutiu na sessão Legislativa da última quinta-feira (20/03). Os adolescentes, que trafegavam numa Honda Biz, seguiam no sentido Centro/Praça Cruzeiro, na Av. João Caetano. Uma carreta que transporta areia seguia lentamente no mesmo sentido. Segundo testemunhas a moto estaria em alta velocidade e abriu para ultrapassar a carreta, que já estaria sinalizando para entrar na Rua Alberto Oliveira (rua lateral a Praça de Convivência do bairro).

A Honda Biz colidiu com os pneus traseiros da carreta que ainda arrastou o adolescente Jesus Emanuel por alguns metros. O impacto teria arremessado Davi Ferreira, que foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital. Já Jesus Emanoel foi arrastado entre os pneus da carreta, morreu instantaneamente e ficou com o corpo desfigurado. A tragédia chocou o município não só pela idade prematura das vítimas, mas também pelas cenas de horror diante do corpo mutilado do adolescente.

Na sessão Legislativa, que foi aberta com “um minuto de silencio” em memória das vítimas, as opiniões e preocupações não diferem das que circulam pelas ruas da cidade e nas redes sociais. O vereador Aissar Elias foi o primeiro a comentar e fez um apelo às famílias que têm filhos adolescentes.
– Acredito que o dia hoje foi muito difícil para todos nós. As famílias precisam ter um olhar mais profundo sobre os seus filhos. O padre Eduardo Braga, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, tem falado bastante sobre isso e nós do poder Legislativo não podemos deixar esse fato passar em branco. As nossas ações precisam ir bem mais além do minuto de silencio que fizemos aqui – destacou.

Davi Ferreira e Jesus Emanuel
Já o vereador Marcos da Fonseca, o Marquinhos da Luanda Car, disse que não falaria como parlamentar, mas como pai. O parlamentar iniciou fazendo um ‘mea culpa’ e comentando o desespero dos pais. “Estive nos dois sepultamentos e vi cenas muito tristes, porque o desespero dos pais era muito grande”. O vereador frisou que “os pais precisam ser firmes e as autoridades deixar de ter receio diante de atitudes que precisam ser tomadas para preservar vidas”. Ele acrescentou que é preciso intensificar as campanhas de conscientização, as instituições precisam se unir nessa direção, a polícia precisa ser mais rigorosa em suas ações, “porque os valores estão invertidos”.

O vereador Marcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão, que é motociclista, destacou que há algum tempo vem cobrando a instalação de quebra molas naquele trecho, destacou que os acidentes são constantes e frisou que “se tivessem colocado os quebra molas, talvez isso não tivesse acontecido”. O parlamentar ressaltou que naquele trecho da Praça Cruzeiro, o cruzamento mais acima, próximo a farmácia, são pontos muito perigosos “e isso precisa ser pensado por esta Casa, pelo poder Executivo, porque se os quebra molas estivessem lá, nós estaríamos mais tranquilos”.

Também falou do clima de tristeza na cidade a vereadora Marlene Carvalho, que destacou a importância dos pais terem domínio e autoridade sobre os filhos. “Quem ama cuida, sendo assim, dizer “não”, dependendo dos casos, é um ato de amor”. Ela ressaltou que se os pais precisam ser mais caretas e menos permissivos. “as autoridades precisam fazer a sua parte, pensando, dialogando sobre esse assunto e tomando alguma atitude”. A vereadora também destacou que “essas tragédias sempre caminham de mãos dadas com outro fator que precisa da nossa atenção, as drogas, um problema sério que nós precisamos enfrentar”.

O vereador Edilon de Souza Ferreira, o Dilon de Boa Esperança, destacou que, “hoje, eu só estou aqui por conta da rigidez dos meus pais”. Ele lamentou a repetição dessas tragédias e lembrou que há cerca de dois anos um jovem de 15 anos se envolveu num acidente na Estrada de Nova Cidade. “O garoto morreu numa situação muito parecida com essa que nós estamos abordando. O problema é que os casos se repetem, mas as providências não são tomadas”.

O vereador Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis, destacou que os redutores de velocidade começam a ser instalados na Bela Vista, a reposição de lâmpadas começa a ser feita no Basílio; e defendeu a união entre os poderes e as instituições no combate a esse volume de mortes. O parlamentar disse que os pais precisam fazer parte dessa luta.
– O meu filho quando era mais novo ganhou uma moto e ela foi vendida o dia que ele desobedeceu as condições que eu havia imposto para que ele continuasse com a moto. Foi para uma festa em Imbaú sem a minha permissão. Além de vender a moto, eu o proibi de andar, inclusive, na garupa da moto dos colegas – revelou Reis.

Carretas

O acidente chocou o município.
Os vereadores, Rita de Cássia, Marquinhos da Luanda Car e Marcinho Bocão comentaram o assunto “carretas e o trânsito de veículos pesados”, um tema que já foi discutido na Casa em outras oportunidades. “Precisamos falar dessas carretas e dos ônibus que transportam os operários do Comperj, porque eles não respeitam ninguém, vão entrando sem querer saber o que têm pela frente, uma situação extremamente complicada”, destacou Rita, acrescentando que “o problema é que só nos lembramos desses assuntos somente quando acontece uma desgraça”.

O vereador Marquinhos da Luanda Car comentou que ele não está culpando o motorista da carreta pela tragédia que aconteceu na Praça Cruzeiro, mas acrescentou que o trânsito desses veículos precisa ser regulamentado, “porque além dos trânsito, tem a questão do espaço que esses veículos ocupam e o desgaste que eles causam as ruas por conta do excesso de peso. “É também um assunto polêmico, certamente vai desagradar a alguns, mas precisamos pensar na coletividade”.

Ambos os parlamentares foram apoiados por Marcinho Bocão. Ele acrescentou que somente na Rua Paulino Siqueira, na praça Cruzeiro, três carretas, diariamente, dormem carregadas. Ele frisou que a areia molhada solta muita água e o solo úmido somado ao peso do veículo significa dano irreversível para a pavimentação.

– Isso sem falar no afunilamento que as carretas causam, porque elas são grandes, as nossas ruas são estreitas, mas o carreteiro, que poderia deixar o veículo num posto de combustível, quer parar em frente a sua casa – finalizou Bocão, que sem querer trouxe uma situação que expõe o maior problema do Trânsito de Rio Bonito, a falta de bom senso e espírito coletivo.

Um comentário:

  1. Lamentável mesmo, sou solidária aos pais pelo seu sofrimento. Devemos observar entretanto, que muitos desses adolescentes não usam seus capacetes, além de transitar em velocidade não permitida. Como podemos observar " Segundo testemunhas a moto estaria em alta velocidade e abriu para ultrapassar a carreta, que já estaria sinalizando para entrar na Rua Alberto Oliveira (rua lateral a Praça de Convivência do bairro)." Vale à pena ressaltar, que muitos desses acidentes trágicos poderiam ser evitados com a coibição da circulação desses jovens sem o uso do capacete. Não se esqueçam também desses mesmos jovens andando de skates pelas ruas. Vamos iniciar a contagem regressiva para a próxima tragédia? Vamos torcer para que as autoridades, tomem as devidas providências.

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