quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Rio Bonito: uma cidade dividida entre o progresso e o atraso

Flávio Azevedo

Sim senhor! Nos últimos anos está muito nítido que a “Cidade Risonha” está dividida entre o “progresso” e o “atraso”. A chegada do asfalto às principais ruas do Centro deixou clara essa questão. Aliás, a perda de energia em torno desse debate mostra o estrabismo da nossa sociedade, que deixa de questionar a falta de sinalização vertical e horizontal (uma urgência ainda no tempo em que pisávamos na pavimentação de paralelepípedo) para reclamar do novo piso.

Boa parte das argumentações, como em toda e qualquer situação que envolva o interesse público, são estapafúrdias e estão longe de ter como foco principal o interesse coletivo. Geralmente, as reclamações estão baseadas em desconhecimento de causa, repetição de queixas originadas em grupos políticos que estão fora do poder e, sobretudo, resistência em perceber que os tempos em que se amarrava cachorro com linguiça estão muito distantes de nós.

Talvez, por desconhecimento, sempre tem alguém que defende a ideia de que esses asfaltos deveriam ser espalhados em localidades como Jacuba, Green Valley e Cajueiros, bairros que realmente carecem de pavimentação, mas não serão atendidos pelo projeto “Asfalto na Porta”. Essas localidades serão atendidas, segundo o governo municipal, pelo projeto “Bairro Novo”. Aliás, não adianta querer andar na contramão desse planejamento que é do governo do estado.

A nossa sugestão aos reclamantes é que a cidade deveria receber investimentos do projeto “Rua Napolitana”. Assim como o sorvete que leva esse nome, que oferece três sabores num único pote, as ruas seriam repartidas em três faixas lineares iguais. Os primeiros metros deveriam ser pavimentados em asfalto, os outros três em paralelepípedo e os últimos três em barro. Assim, cada um trafegaria na pavimentação que lhe agradasse. É claro que estamos sendo irônicos, mas, às vezes, é o que nos ocorre diante de determinadas queixas.

Sabemos que opinião é igual nádega, todo mundo tem a sua. Contudo, com o bom senso não acontece a mesma coisa (pouca gente tem). E essa realidade é percebida há anos, sobretudo em cidades de menor porte que, repentinamente, são surpreendidas pela chegada do progresso e do crescimento, fenômeno que inevitavelmente tira as pessoas da zona de conforto e promove, para classes superiores, pessoas que, na visão de alguns, não deveria alcançar esse “privilégio”.

Contudo, como diz a música “Maria Rita”, da banda Maverick, “o futuro chegou, o progresso tá aí” e não há como evitar. Aliás, se até agora, nós só colhemos os frutos negativos do desenvolvimento, uma das principais razões é que nós perdemos muito tempo com bobagem, com temas que não levam a lugar algum e com apego ao ultrapassado. Algumas tradições até devem ser mantidas, entretanto, acreditamos que seria salutar refletir no conselho de S. Paulo. Ele escreveu: “... Esquecendo-me das coisas que atrás ficam e, avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo...” (Flipenses).

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