segunda-feira, 27 de maio de 2013

As mil faces de um show!

Texto: Flávio Azevedo
Foto: Sandro Giron

Naldo subiu o palco às 23h30min e fez cerca de uma hora e meia de show.
Estive presente em apenas um dos dias de shows que celebraram o 180º aniversário de emancipação político-administrativa de Itaboraí. O dia que escolhi para estar lá foi o domingo 19, quando se apresentaram o veterano Lulu Santos e a sensação Naldo. Durante a apresentação de Lulu Santos, que começou tocar por volta das 21h30min, eu estava próximo do palco. Encerrada a primeira etapa, eu me dirigi ao fundo da arena de shows, onde um espetáculo nada interessante me aguardava.

Enquanto o cantor Naldo animava a galera, por volta das 23h30min, eu presenciei uma cena que me deixou pensativo, e logicamente, sugeriu este texto. Duas meninas... Elas não passavam dos 16 anos... Munidas de um carrinho de bebê e desagradáveis cigarros, caminhavam entre a multidão. Ambas carregavam os seus bebês, que pela estatura, ainda estão distantes de completar o primeiro ano de vida.

O caminhar “rebolado” delas acompanhava o ritmo da música “Se Joga”, um dos sucessos de Naldo. A noite estava fria, mas os bebês não estavam agasalhados. E pela vestimenta das tais meninas, elas não devem saber o que é sentir frio. Mas a friagem e o sereno castigavam os presentes!

Expondo corpos, ainda desprovidos das curvas e linhas naturais as mulheres adultas, as duas meninas agiam com naturalidade e sem muita cerimônia davam o seio para os seus nenéns. Enquanto seguravam as suas crias (não observei, com elas, alguém que eu pudesse associar como uma figura paterna para os bebês), uma terceira menina colocava o cigarro na boca das que amamentavam.

Eu não tenho dúvidas que os nenéns são frutos do “Amor de Chocolate” que essas meninas fizeram com alguém. Também desconfio que do jeito que as coisas andam, é muito provável que elas tenham “Se Jogado” no colo de um fulano. Diante daquele cenário – até esqueci o show do Naldo – surgiram-me uma série de perguntas, entre elas, a mais tradicional: “onde iremos parar?”.

Questionamentos como “onde estão os avós daqueles nenéns”, também me ocorreram. Por outro lado, dúvidas como “será que esses avós existem e se existem são menos irresponsáveis que aquelas meninas-mães?”, também povoaram o meu imaginário. Não irei aqui criticar a festa e o evento, porque não são poucas as meninas que engravidam enquanto participam de eventos religiosos (não sejamos hipócritas)...

Todavia, seja a programação, secular ou religiosa, onde estão os pais? Pensam o que? Por que são tão dormentes? Que valores defendem? Por que abraçam os contra valores? Por que, definitivamente, os pais não conseguem impor limites aos mais jovens? Isso terá solução ou a tendência é piorar? Mas... Fica pior que isso?

Sinceramente, eu não encontrei nenhuma resposta, realmente, convincente para os questionamentos acima... Mas convido você a pensar comigo sobre o assunto... Caso não queira a minha companhia para essa análise, convide a sua esposa (o), um familiar, um colega de trabalho, alguém da sua igreja, um companheiro de clube, aquele vizinho mais chegado...

Mas que pensemos e discutamos isso, por que embora, hoje, tal situação seja corriqueira, ela ainda assusta e, o pior, é eficaz combustível para a desigualdade social, para o desequilíbrio econômico e, sobretudo, para ampliar os já alarmantes índices de violência. Pensemos nisso, mas que não seja a cada show... Que seja uma constante preocupação.

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