sábado, 3 de novembro de 2012

Seis mortos e sete feridos em grave acidente na ViaLagos

Flávio Azevedo

Ao fundo a sede do Castelo Futebol Clube, ponto do acidente.
Mais uma vez a ViaLagos (RJ – 124) protagoniza um acidente grave. Dessa vez o saldo é de seis mortos e sete feridos. O acidente ocorreu por volta das 21h30min, na noite dessa sexta-feira (02/11), no Km 17 da rodovia, próximo ao Castelo Futebol Clube. A colisão foi entre o Astra, placa LUR 0790, de Araruama; e um ônibus da Viação 1001, placa KXK 4614. O acidente envolve sinistras coincidências e causou perdas em uma mesma família.

Segundo os policiais do Batalhão de Policia de Trânsito Rodoviário (BPRv), Fabiana Moraes da Silva, de 26 anos, atravessou a via e foi atropelada pelo Astra, que perdeu a direção e colidiu de frente com o ônibus que vinha no sentido contrário. O carro ficou preso embaixo do coletivo, foi arrastado por alguns metros e pegou fogo. Presos as ferragens, todos os integrantes do Astra morreram carbonizados.

Seis mortos que seriam de uma mesma família do 2º Distrito.
Além de Fabiana, que morreu atropelada, também morreram Giliard de Souza, de 23 anos; sua mulher, Mônica de Souza; o tio, Nélio de Souza, de 47 anos, e os filhos do casal, Ítalo e Ícaro de Souza. A família estaria indo para Boa Esperança, 2º Distrito de Rio Bonito. Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal de Araruama. A família estaria indo visitar Carlos de Souza, irmão de Nélio, como costumava fazer todos os fins de semana. Coincidentemente, Fabiana da Silva, a mulher atropelada, seria cunhada de Carlos.

Para a reportagem do jornal O Dia, o policial militar, De Castro, deu uma declaração chocante. “Em quase 12 anos de polícia nunca vi um acidente tão assustador. Primeiro, ao chegar ao local, me deparei com muitos pedaços do crânio e do cérebro de Fabiana espalhados pela pista. Depois, a cena do carro pegando fogo com as vítimas dentro. Uma das crianças estava com metade do corpo para fora do carro já consumido pelo fogo. Havia corpos, uns por cima dos outros, carbonizados. Foi um choque!”, contou o policial.

Os feridos
O Astra pegou fogo e as chamas se alastraram pela ônibus que ficou destruído.
Os feridos eram passageiros e o motorista do ônibus que seguia de Niterói para Cabo Frio. Eles não foram feridos com gravidade, porque tiveram tempo para sair do coletivo. Segundo informações, três deles foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Araruama. Já Daniela Chaves Dias (16), Adriana Melo de Souza Lima (18), Clara Angélica Gonçalves Dias (35) e Antônia Gonçalves Mainá Dias (73), foram levadas para o Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), de Rio Bonito.

Todas foram liberadas ainda na madrugada de sexta-feira. Os casos mais graves foram de uma das passageiras que fraturou um dos pés, e o motorista, Gustavo da Costa, de 34 anos, que quebrou um dos joelhos e precisou ser transferido para Hospital Federal do Andaraí.

Bombeiros, policiais militares e equipes da ViaLagos trabalharam durante toda madrugada para retirar o ônibus da via. O carro foi completamente destruído pelas chamas. O trânsito nos dois sentidos da via seguiu em esquema de pare e siga até que a pista pudesse ser liberada. O caso foi registrado na 119ª DP (Rio Bonito).

Falta de mureta central
O Astra ficou inteiramente destruído

Esse é mais um acidente que reacende um velho debate: a falta de muretas centrais ao longo dos 56 Km da rodovia que tem o pedágio mais caro do Brasil. A iniciativa já foi discutida na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), através da Comissão Especial de Desenvolvimento Econômico e Social da Baixada Litorânea, mas sem resultado. No dia 26 de abril de 2011, o diretor presidente da CCR ViaLagos, Marcio Roberto, afirmou que no contrato de concessão assinado com o governo estadual em 1996 existe uma cláusula que prevê a obra da mureta central quando a rodovia atingir o fluxo médio de 20 mil veículos/dia.

O Governo Federal, através do Ministério dos Transportes, também já foi acionado. O ministro Alfredo Nascimento, já teria, inclusive, pedido a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que o caso seja analisado por ocasião da revisão do contrato de concessão da empresa, “principalmente por se tratar de um problema que envolve a segurança no trânsito e o risco de milhares de vidas”. A ANTT recebeu do deputado Miguel Jeovani (presidente da Comissão Especial de Desenvolvimento Econômico e Social da Baixada Litorânea), um dossiê, com uma série de informações e fotos dos acidentes que são atribuídos a falta da mureta central.

No encontro o deputado questionou: “uma cláusula contratual é mais importante que uma vida?”. Ainda segundo o parlamentar, apesar de todos os esforços nessa direção, a concessionária se nega a construir a mureta central. “É fato que a maioria dos acidentes é gerado pela falta da divisória, já que os veículos invadem a pista contrária”, afirmou o parlamentar.

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