quinta-feira, 3 de maio de 2012

Casimiro de Abreu também quer o fim da onda de violência

Flávio Azevedo

Parece que não é só Rio Bonito que está sofrendo com a insegurança e crescente violência que assola a região. A população de Casimiro de Abreu, segundo reportagem do Jornal dos Municípios (edição 46), não agüenta mais a criminalidade que tomou conta da cidade. Como aconteceu em Rio Bonito no dia 23 de maio de 2011, quando a população saiu às ruas em protesto contra a violência (no mesmo dia da morte do empresário Américo Branco, assassinado em plena luz do dia, no Centro da cidade), os casimirenses, munidos de faixas, saíram às ruas para chamar a atenção das autoridades para a falta de policiamento.

De acordo com a reportagem, atualmente apenas 11 policiais dão proteção para 40 mil moradores, sendo três no distrito sede, três em Barra de São João, dois em Professor Souza e três em Rio Dourado. O protesto que saiu da Praça Feliciano Sodré, no Centro, percorreu a Rua Alpheu Marchon, Rodoviária e retornou à Praça. Em seguida aconteceu uma Audiência Pública no Pavilhão de Esportes. Os mais mobilizados eram os lojistas, as principais vítimas de assaltos.
– Estamos começando tarde, mas o importante é ter atitude para que tais coisas não venham a acontecer. Duas vezes, funcionários meus ficaram sob a mira de armas – comentou o comerciante André Luiz Pinto, de 50 anos.

Mais veemente, Gilmar Pereira, dono de uma papelaria, atribui à insegurança, a falta de policiais. “A segurança na cidade é zero. Temos três policiais e uma viatura. O governo do estado alega que o índice de criminalidade é baixo para aumentar o efetivo. Isto é lamentável! Não queremos chegar ao ponto de uma pessoa morrer para que se tome uma iniciativa”, desabafou.

De acordo com a reportagem do Jornal dos Municípios, pelo menos 30 assaltos e invasões a residências ocorreram entre meados do ano passado e março deste ano, apenas na sede do município. O de maior impacto foi o assalto de um posto de gasolina no início do mês na BR-101. Na ocasião, quatro suspeitos foram presos. Segundo a polícia, eles pertencem a uma quadrilha que vinha agindo em Macaé, Rio das Ostras e Casimiro. Em menos de cinco meses, pelo menos dez pessoas, a maioria de classe média, tiveram suas casas invadidas e saqueadas por ladrões. A maioria das vítimas foi agredida antes de serem amordaçadas.

Diante da insegurança, o prefeito Antonio Marcos conseguiu aprovar na Câmara o pagamento de compra de folgas dos policiais mediante convênio com o estado. Se o projeto for adiante, a cidade elevará o efetivo da PM para mais oito militares. “O policiamento que temos é ideal? Não. Seriam necessárias quatro viaturas composta por dois homens. Atualmente temos apenas uma viatura para a sede e outra para Rio Dourado. Professor Souza não tem”, informou o Capitão Vaz, comandante da 4ª Companhia do 32º BPM (Macaé), responsável pela segurança ostensiva de Casimiro.

Nos últimos seis meses, de outubro a abril deste ano, a policia apreendeu sete armas de fogo; 68 munições, 964 gramas de maconha, 498 gramas de cocaína, 30 gramas de crack; prendeu 24 pessoas, recuperou dois carros, fechou uma banca de jogo do bicho, estourou dois caça-níqueis e apreendeu 807 CDs piratas.

Audiência discute audiência e Conselho de Segurança

Em Casimiro de Abreu, ainda segundo a reportagem, a mobilização frutificou. O município vai reativar o Conselho Comunitário de Segurança (CCS). O órgão não tem conotação política e visa discutir políticas públicas para o setor. Por falta dele, Casimiro não poderá se representar em reunião com a chefe de Policia Civil Marta Rocha ainda este mês onde será discutida a atuação dos conselhos comunitários de segurança. Outra notícia satisfatória é que a Sede do Município ganhará mais uma viatura nesta semana. “A partir desta terça-feira, uma viatura começará a operar na cidade. Com isso serão mais dois agentes”, disse ao Jornal dos Municípios o capitão Vaz, comandante da 4ª Cia do 32º BPM.

Já o prefeito Antonio Marcos comentou que “hoje a população acordou e entendeu que o problema é de todos e não apenas meu”. O chefe do Executivo lembrou que em 2011 a população foi convocada para discutir a questão, mas a participação foi mínima. Ele lembrou ainda, que também no ano passado, um ofício assinado pelo Ministério Público, Prefeitura, Câmara dos Vereadores e Judiciário foi enviado ao secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, mas sequer foi respondido.

Presente a audiência, o comandante do 32º BPM, tenente-coronel Ramiro disse que o consumo de droga na cidade é causador de criminalidade. “O usuário começa a roubar para sustentar o vicio”. Sem meias palavras, Ramiro lembrou a permissividade dos pais que dão a seus filhos menores motos e pouco os orientam sobre o problema das drogas. O veículo é um dos mais utilizados pelos bandidos para a prática de roubos, tanto de transeuntes como as saidinhas de banco.

Outro problema verificado na audiência é a falta de registro de ocorrência na delegacia. Por trabalhar com estatísticas, a Secretaria Estadual de Segurança, acaba marginalizando o município por considerar baixo o índice de criminalidade. “As autoridades trabalham com estatísticas para montar estratégias de segurança”, revelou Edna Araujo, representante do estado na audiência.

Mas foi o presidente da Associação Casimirense dos Portadores de Deficiência que resumiu o sentimento dos moradores. “Não adianta reunião se o estado não der uma resposta”, finalizou Delmiro Pereira, o Ivo da Acapord.

Conclusão

Já há alguns anos nós estamos chamando a atenção do governo do Estado do Rio de Janeiro para a questão da Segurança no interior. Se o domínio dos morros, favelas e comunidades pobres está sendo retomado pelo estado, o interior está marginalizado, entregue aos bandidos, e, vive, já há algum tempo, a mercê da vagabundagem que assustada com a repressão da capital e atraída pela calmaria do interior está se mudando e fixando os seus negócios na região.

O poderio econômico que chega a reboque do Comperj transformou o município de Itaboraí e as cidades satélites ao empreendimento da Petrobras num “El Dourado” para qualquer tipo de negócio, entre eles o narcotráfico. Se levarmos em conta que em nossa região o volume de consumidores de droga é alto, a miséria social é flagrante, a corrupção é latente e a Segurança inexiste, nós percebemos que esse é um cenário muito atraente para esse investidor.

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