sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Caos na Segurança Pública do Rio de Janeiro

Flávio Azevedo

E aconteceu o que a população Fluminense temia! Indignados com anos de maus tratos, Policiais Militares, Civis e Bombeiros estão em greve. A decisão, tomada em uma assembleia no fim desta quinta-feira (09/02), na Cinelândia, no Centro do Rio, certamente vai trazer desdobramentos desagradáveis para o cidadão e não será tratado com o respeito que o tema merece.

Quem é contra a greve tem as suas razões, quando comenta que a população não pode ficar insegura (mas existe segurança?). Quem é favorável, também de maneira razoável, argumenta os longos anos de descaso do poder público para com esses servidores (o que não era reclamado até então, por que será?).

Fica muito nítido que a greve de Policiais Militares, Civis e Bombeiros é o desfecho de ações atabalhoadas, irresponsáveis, inconsequentes e desavergonhadas de governos, que sempre flertaram com a criminalidade e com o poder paralelo (utilizando, inclusive, esses setor – o submundo – para se elegerem e galgar os degraus do poder).

Como diria Eliana Calmon, “bandidos vestidos de toga” (juízes e magistrados) e políticos comprometidos até o pescoço com a sacanagem (isso digo eu). Esses são os principais combustíveis da impunidade que atinge a sociedade brasileira e que cínicamente nós não debatemos porque preferemos repetir a notícia vendida pela mídia gorda.

Por conta do discurso manipulado e manipulador de uma midia que se prostitui para poderes – uma das mazelas desses país – e do hábito que a imprensa tem de pagiar os poderosos – por conta das gordas verbas de publicidades – convencionou-se atribuir a insegurança brasileira aos bandidos, às comunidade pobres e aos negros, únicos personagens que veem realmente as leis saírem do papel, isso se eles não conhecerem algum figurão para “dar uma aliviada”.

A greve geral de Policiais Militares, Civis e Bombeiros deveria expor esse cenário. Ouso dizer que nesse momento, o menos importante é a paralização desses servidores e as suas reivindicações, que deveriam ser atendidas de imediato. Atendê-los apenas financeiramente é enxugar gelo.

Não podemos esquecer que a insegurança também gira ao entorno de um chefe de família que trabalha em uma dessas corporações. E, detalhe: ela está baseada na relação promíscua do estado, dos políticos, dos próprios policiais e do próprio povo, com a ilegalidade, com o crime, com a marginalidade e com o submundo.

Um soldo de R$ 20 mil para esses servidores não seria o remédio para a insegurança como alardeiam alguns (embora o salário desses servidores seja uma falta de respeito; como também é os míseros R$ 622,00 destinados trabalhador comum). O caos social em que vivemos não está paltado unica e exclusivamente nos ganhos financeiros de Policiais Militares, Civis e Bombeiros, mas na estrutura conjuntural da sociedade brasileira que é extremamente paternalista, infantilizada, violenta e aprecia a corrupção. Aliado a isso podemos mencionar a falta de acesso a direitos básicos como Educação, Saúde, Transporte e, sobretudo, a Justiça.

Enquanto o assunto não for debatido com esse olhar... Enquanto ficarmos repetindo o conteúdo mostrado pela mídia, por simples preguiça de pensar, o que eu chamo de “Síndrome do Restaurante” (preferimos comer o que já vem pronto a fazer a nossa própria comida), o cenário será esse e mudá-lo não será possível.

Uma breve reflexão sobre o desdobramento do assunto

Os órgãos de mídia, principalmente a Rede Globo, na intenção de desqualificar a greve dos Policiais Militares, Civis e Bombeiros (para atender a quem?), noticiam que a adesão ao movimento grevista foi mínima e que a polícia está nas ruas da cidade do Rio de Janeiro. Como sempre, essas mídias ignoram que o estado tem outros 91 municípios.

Penso que fossem veículos realmente comprometidos com a verdade, a notícia seria de que o movimento de greve foi um sucesso, e que, apesar da luta e da repressão que estão recebendo do estado “NADA DEMOCRÁTICO E NADA DIREITO”, Policiais Militares, Civis e Bombeiros não deixaram de atuar em casos essenciais à sociedade.

É a máxima do copo pelo meio. Ele pode estar "meio cheio" ou "meio vazio". Depende da natureza do olhar!

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