segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Se o mundo chora, por que eu tenho que sorrir?

Flávio Azevedo - Reflexões

Ontem (1º/01/2012), por volta das 19h, durante a minha caminhada, quando eu passava pela Av. Santos Dumont, próximo a nova escola (onde era o Barracão da Prefeitura de Rio Bonito), uma coisa me chamou atenção: passou por mim uma jovem que chorava copiosamente. Ela era de boa estatura, clara, cabelos loiros e aparentava ter seus 17 anos. Chovia. Ela escondeu o rosto sob a sombrinha, certamente para que não fosse identificada.

Confesso que fiquei impressionado! No primeiro dia do ano, quando geralmente as pessoas têm pensamentos felizes, fazem planos e projetos positivos... Qual a razão daquele choro? Ela se distanciou soluçando e eu não consegui deixar de pensar naquela cena. Teria a jovem recebido a notícia do falecimento de um ente querido? Seria uma frustração amorosa? Teria perdido o emprego ou os documentos? Ou seria apenas uma topada?

Eu já estava nos metros derradeiros da minha caminhada e não pude deixar de refletir sobre aquela jovem, que é o retrato da humanidade! O nosso mundo geme... Os seus habitantes sofrem! Se a televisão nos trouxe mensagens de otimismo nas últimas semanas de 2011 (hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou... Nesses novos dias, as alegrias serão de todos, é só querer...), quem é um pouquinho mais pé no chão sabe que “nem todos os nossos sonhos serão verdade, nesse futuro que começou” (2012). Aliás, alguns realmente irão festejar, mas essa festa nem sempre será nossa e/ou nem sempre estará completa.

Dias atrás, eu estava num lugar... Uma pessoa se aproximou... Desejou-me um “Feliz Ano Novo” e diante da minha postura soturna comentou: “você está triste? Coloca um sorriso nesse rosto...!”. Eu retribuí o cumprimento, desejei-lhe um “Feliz Ano Novo” e me lembrei de um livro da Casa Publicadora Brasileira, intitulado “Projeto Sunlight”, que eu li há alguns anos.

O livro conta que um anjo chamado Jader, decidiu acompanhar e descrever a vida de um ser humano. Ele resolveu que acompanharia a trajetória da primeira pessoa que virasse a esquina de certa rua em determinada cidade, às 18 horas de uma tarde de outono. A escolha recai sobre uma jovem divorciada, cheia de mágoas e rancores com a vida.

O início do livro narra o dialogo de Jader com outro anjo. Todavia, o que mais me impressiona no livro é o comentário de um deles: “como eles (os humanos) podem sorrir se podem morrer a qualquer momento?”. Esse comentário dos anjos me marcou profundamente! Como sorrir diante de tantos problemas? Como ficar feliz diante de tanta desgraça?

Nesse dia dois de janeiro, milhares de pessoas que estavam cheias de planos para o novo ano não levantaram pela manhã... Morreram durante o sono. Outros morreram quando iam ou vinham dos festejos de Natal e Réveillon. Hoje, milhares de pessoas que cantavam que “a festa é sua, a festa é nossa... É de quem quiser...”, estão recebendo notícias de que estão seriamente doentes. Milhares de exames realizados na última semana de 2011 só terão os seus resultados divulgados nas primeiras semanas de 2012... Em boa parte deles, a notícia do médico não será boa.

Como sorrir diante disso tudo? Bom... Se é difícil sorrir é possível acompanhar a lógica do filósofo Renato Russo, que na música “Pais e Filhos” escreveu: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Todavia, raivosos como todos nos somos (alguns mais outros menos), concordo que é difícil viver uma vida de “Paz e Amor” diante de tanta desigualdade e falta de escrúpulos, mas devemos nos esforçar.

Esse é o meu desafio para 2012. Ser mais agradável... Mais amoroso... Não sei se vou conseguir, mas vamos tentar viver como se não houvesse amanhã, porque não somos mais que uma gota d’água ou um grão de areia!

Um comentário:

  1. Exelente Flávio... parabéns pelo seu trabalho,desejo a você e toda sua família um Feliz 2012 repleto de saúde e felicidades,e que Deus possa está te abençoando mais e mais a cada dia !

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