quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A ditadura da magreza

Flávio Azevedo - Reflexões

A ditadura da magreza é algo que me incomoda! Gente, eu, simplesmente, acho esse “mal” gosto por magreza inexplicável e absurdo. É lógico que não estamos aqui defendendo a obesidade, porque ela não faz bem a saúde. Aliás, o excesso de magreza também não é saudável. Entretanto, existe uma forçação de barra para que as mulheres “normais”, ou seja, aquelas que não são estrelas de TV, tenham silhueta de modelos e atrizes.

Essa exigência parte da moda, uma entidade abstrata que eu classifico como fundamentalista. Ela (a moda) não leva em conta que a maior parte das mulheres “normais” não tem tempo e dinheiro suficientes para ficar o dia inteiro em academias. Vale lembrar que elas (as mulheres) em sua maioria, também não reúnem condições financeiras para fazer, anualmente, cirurgias reparadoras e “acrescentadoras”.
O curioso é que as mulheres que ganham a vida explorando o corpo e se exibindo na mídia, geralmente vivem nas academias, mas ainda assim, a cada 12 meses precisam recorrer aos bisturis dos cirurgiões plásticos para manter a “forma”. É claro que a mulher gosta de se sentir bonita, desejada, mas sem exageros.

Mas por que isso acontece? Uma caminhada pela Antropologia e pela Sociologia explica esses conceitos. No Brasil, por exemplo, um país formado por uma sociedade extremamente imagética e alienada, a moda dita tendências, comportamento, valores e define quem é “exemplo a ser seguido”.

É possível provar isso fazendo uma rápida reflexão sobre a história de Geyse Arruda, a jovem que foi expulsa da faculdade por estar em sala de aula em trajes mínimos – certamente para se mostrar. Ela acabou despertando interesse da mídia, da população em geral e hoje é contratada de um canal de TV.

Coisas semelhantes acontecem com as famosas “Panicats”, que segundo informações do mundo televisivo não ganham salário para se exporem, ás vezes ridiculamente, no programa “Panico na TV”, mas faturam milhões em contratos publicitários, cachês para participar de eventos e revistas masculinas.

Numa sociedade onde o exterior é mais importante do que o interior, onde a embalagem é mais celebrada do que o presente, discrepâncias como essa são consideradas normais e toleráveis. Vergonhoso!

Outro problema que não podemos deixar de abordar, já que estamos falando sobre esse tema, é o desaparecimento das vovós. Onde elas estão? Por onde andam? Não sabemos... Amigo, eu não sei se você observou, mas não existem mais aquelas vovós com cheiro de alfazema e colo macio. Se você tem idade inferior a 20 anos, certamente não vai se lembrar daquelas senhoras doceiras (que delícia!), que sentavam em cadeiras de balanço, faziam crochê, tricô e/ou concertavam os nossos brinquedos quebrados.

Tudo mudou e a meu ver para pior! A vovó de hoje tem que ser marombada... Tem que sair para a balada! Aliás, para estar na moda, ela tem que aparentar 18 anos. É exigido dela um bumbum durinho, peitos de plástico e abdome tanquinho, prerrogativa (essa última), que era prioridade dos fortões vendidos por Hollywood.

Concluo com uma simples pergunta: “até quando vamos achar isso normal e/ou vamos dar cobertura a esse tipo de absurdo?”. Ninguém merece!

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