sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Queda de braço pela presidência da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Rio Bonito continua

Por Flávio Azevedo

A composição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Rio Bonito para o biênio 2011/2012 continua envolta em polêmicas. O novo capítulo dessa interminável novela aconteceu na tarde da última terça-feira (25), quando em sessão extraordinária, sete vereadores – maioria absoluta – elegeram Marcus Botelho (PR) como novo presidente da Casa. A eleição de Botelho não foi reconhecida pelo vereador Humberto Belgues (PSDB), eleito no dia 14 de dezembro de 2010 – também num processo que gerou polêmica. Por outro lado, os vereadores que participaram da sessão da última terça, não reconhecem Humberto como presidente do Legislativo municipal.

Além do vereador Marcus Botelho, foram eleitos para a nova Mesa Diretora, os vereadores Carlos André Barreto de Pina, o Maninho (PPS) – vice-presidente – Rita de Cássia (PP) – 1ª secretaria – e Márcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão (DEM) – 2º secretário. O grupo encabeçado por Botelho ainda conta com o apoio dos vereadores Caneco (PR), Neném de Boa Esperança (PTN) e Aliézio Mendonça (PP).

A reunião


Convocada no último dia 18 (sexta-feira), em documento publicado pela FOLHA, a sessão extraordinária da última terça-feira teve início às 14h15min, na sala do vice-prefeito Matheus Neto (DEM), na sede da Prefeitura. Os parlamentares não conseguiram utilizar as dependências da Câmara, que funciona no mesmo prédio, porque ela está em obras (foto abaixo). Cerca de 10 policiais militares que estavam em quatro viaturas faziam a segurança do prédio. Eles teriam sido convocados pelo vereador Humberto Belgues para fazer a segurança do setor administrativo do prédio.

Na ausência do presidente Fernando Soares (PMN), o vereador Marcus Botelho abriu a sessão como vice-presidente, deu inicio aos trabalhos e convocou o vereador Aliézio Mendonça – o parlamentar mais velho da Casa – para presidir a sessão, que transcorreu num clima de apreensão, sob forte calor, aplausos e palavras de ordem como “democracia!”. A sessão também foi acompanhada por policiais militares. Cerca de 50 pessoas, entre correligionários, simpatizantes, vereadores e a imprensa, acompanharam a sessão que durou cerca de uma hora.

O vereador Marcus Botelho foi eleito por unanimidade com sete votos. Após ser declarado como novo presidente, a reunião foi interrompida por cerca de 15min para a confecção da Ata, lida em seguida pela primeira secretária, Rita de Cássia. Concluída a leitura, o novo presidente pediu que a secretária informasse ao poder Executivo, a composição da nova Mesa Diretora da Câmara.

Agradecimento


As primeiras palavras de Botelho (foto), como presidente, foram de agradecimento. Ele destacou a formação do seu grupo de sustentação e ressaltou a firmeza dos colegas que permaneceram ao seu lado. O parlamentar ainda enalteceu individualmente cada companheiro “que perseveraram por muitos dias para que a ordem se restabelecesse no cenário político do Legislativo da nossa cidade. Estamos, hoje, cumprindo o nosso dever cívico e moral, de maneira clara e transparente”.

O vereador agradeceu a firmeza dos colegas ao longo desse período conturbado e destacou a cooperação e a importância de cada um.
– Obrigado ao vereador Aliézio Mendonça, um baluarte do saber jurídico e legislativo. Ao vereador Abner (Neném), o responsável por eu estar aqui hoje como presidente. Dele começou tudo... Da sua vontade. Ao vereador Carlos André (Maninho), companheiro de três mandatos, sempre juntos com a mesma firmeza e convicção. A vereadora Rita, sempre conselheira e equilibrada. Ao vereador Marcinho (Bocão), obrigado pela sua luta, vontade, garra e convicção. Ao vereador Carlos Cordeiro (Caneco), sempre guerreiro e otimista – ressaltou.

Terminada a sessão, abordado por este jornalista, o vereador Marcus Botelho preferiu não dar nenhuma declaração a nossa reportagem.

Humberto espera decisão da Justiça


Já o vereador Humberto Belgues (foto), que estava na Câmara – no terceiro piso do prédio da Prefeitura –, enquanto a sessão transcorria no primeiro andar, disse à nossa reportagem que não vê legitimidade na eleição de Marcus Botelho. Ele classificou a sua eleição como “exercício arbitrário das próprias razões” e declarou que “sou presidente até que a Justiça diga o contrário, decisão que eu acatarei”.
– Essa eleição não tem nenhum fundamento legal. É ilegítima. Eles têm duas ações na Justiça, de quem se espera a solução para esses conflitos, mas por vontade própria, sem esperar a decisão judicial, eles tomaram essa iniciativa. Não há nenhuma possibilidade jurídica de se fazer nova eleição, que já foi feita dia 14 de dezembro de 2010. Inclusive, eles mesmos já provocaram o Judiciário em relação a isso. Tem que se esperar a decisão do Judiciário para que se possa dirimir este conflito – ponderou Humberto, reiterando que “todas as ações que foram feitas por eles até agora, são ilícitas, nulas, ilegais e sem nenhuma legitimidade”.

Repercussão

Nas ruas de Rio Bonito, pouca gente – com exceção daqueles que acompanham a política local – está sabendo do barril de pólvora que se tornou a Câmara Municipal. O auxiliar de serviços gerais Anderson Araújo, 37 anos, morador da Serra do Sambê, disse que trabalha em Niterói, sai cedo e chega tarde e não tem tempo para acompanhar a política local. “Isso pode até representar desinteresse da minha parte, mas eles (os vereadores), apesar dessa confusão, estão com a vida ganha. Eu, porém, preciso ralar noite e dia, inclusive, nos fins de semana, quando faço bico como garçom, para poder sustentar a minha família”, disse Araújo.

Já a dona de casa Ronilda Freire, de 43 anos, moradora de Praça Cruzeiro, comentou que “enquanto os vereadores estão brigando entre si nós estamos largados pelas autoridades”.
– No bairro Cajueiro (foto abaixo), onde moram as minhas sobrinhas, eles estão sempre reclamando da poeira, da falta de iluminação pública e dos mosquitos. Em 2008, a Prefeitura começou fazer uma obra por lá, mas depois da eleição a obra parou e nunca mais ninguém disse nada sobre as melhorias prometidas. Por que esses vereadores não brigam por essa situação? – alfinetou a dona de casa.

Um comentário:

  1. Quando o cidadão vai aprender que o voto tem que ser dado com a consciência e não com o bolso? Toda essa situação reflete os valores de uma sociedade, que prega a máxima do "farinha pouca, meu pirão primeiro!". O parlamento, seja federal, estadual ou municipal, reflete os valores da sociedade que o elege. É comum encontrarmos pessoas falando de renovação, mas ela tem que vir de dentro de cada um de nós! Se isso não acontecer com urgência, o nosso futuro se desenha sombrio!

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