quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Entrevista com o empresário Aécio Moura

Por Flávio Azevedo

Embora ainda faltem cerca de dois anos para as eleições municipais, os prováveis nomes que podem disputar a Prefeitura Municipal já começam a ser comentados e alavancados por correligionários dos principais grupos políticos de Rio Bonito. Contudo, nos últimos meses, o nome do empresário Aécio Xavier de Moura (PDT), de 50 anos, vem ganhando força, sobretudo entre os comerciantes, empresários, segmentos religiosos e correntes que defendem a ideia de que Rio Bonito precisa de uma quarta via além dos nomes que, indiretamente, já foram lançados para a disputa de 2012.
Para falar sobre esse assunto, o empresário recebeu o jornalista Flávio Azevedo no seu escritório, no centro, na manhã da última quarta-feira (17), onde falou sobre os seus planos. Ele não confirmou a sua candidatura, mas também não descartou a ideia de concorrer. Falou sobre política e destacou que “Rio Bonito deveria investir na qualidade de vida, que é o principal atrativo da cidade na atualidade”.


Flávio Azevedo – Tem se ouvido nas ruas, que o senhor é pré-candidato a prefeito de Rio Bonito. O senhor confirma essa pré-candidatura?

Aécio Moura – Confirmar que eu sou candidato, que eu já lancei candidatura eu não confirmo. Mas confirmo que as pessoas estão falando o meu nome – eu me sinto até muito honrado – mas não lancei candidatura.

FA – Diretamente, o senhor nunca esteve ligado à política. Sendo assim, porque o seu nome aparece como opção para as eleições de 2012?

AM – A colaboração que cada cidadão tem que dar ao processo democrático, alguns amigos que acham que seria uma opção interessante, a carência de políticos sérios dentro da cidade e a necessidade de renovação, são elementos que motivam este pensamento. Não prometo ser candidato, mas se for da vontade de Deus – eu não faço nada sem consultar a Deus – acontecerá. Se eu não for candidato, eu irei continuar tocando os meus negócios como sempre fiz.

FL – A economia do país atravessa um bom momento e o estado do Rio tem sido alvo de muitos investimentos do governo federal. Diante deste cenário, quais seriam, em sua opinião, as prioridades daqueles que pretendem governar Rio Bonito?

AM – Rio Bonito é uma cidade agradável, boa de morar e deveria pegar carona neste desenvolvimento do país e do estado. Os investimentos que estão chegando à região irão repercutir até 2030. Mas como Rio Bonito, infelizmente, não oferece nenhum tipo de cultura voltada para o Turismo, Agricultura, Indústria, entre outras coisas, nós deveríamos investir na qualidade de vida do município, que é o grande atrativo da cidade. Acho que a nossa cidade é fácil de administrar, porque é pequena, ajeitadinha e pode ser administrada com sucesso.

FA – Rio Bonito ainda não definiu a sua vocação. Se ela é Rural, é Urbana, é Industrial, é turística, entre outras vocações. O senhor acha que dá para tocar todos estes setores ao mesmo tempo, ou é preciso dar uma identidade à cidade?

AM – Nenhum setor pode ser desprezado. Rio Bonito nunca foi e nunca será, a meu ver, uma cidade que tenha um perfil industrial. Porém, qualquer administração tem que tirar todo o potencial que pode ser tirado da área industrial. Na Agricultura, no Turismo – que tem crescido muito – e outros setores, eu penso da mesma forma. Mas o nosso grande potencial é qualidade de vida, que deveria receber cada vez mais investimentos. O que seriam esses investimentos? Boas escolas, bons hospitais, ruas urbanizadas, para que os munícipes mantenham essa identidade: qualidade de vida.

FA – O seu diferencial político, segundo fontes, já começaria na forma como o senhor pretende estruturar a sua campanha, que não contaria com práticas comuns, e duvidosas, como: doação de campanha, negociação de cargos e direção de escolas, entre outros hábitos defendidos como necessários para se ganhar uma eleição. Se for candidato, o senhor confirma este diferencial?

AM – Ainda não decidi se serei candidato, mas se eu participar será assim. Também quero deixar claro que se eu concorrer, eu serei candidato a prefeito e não serei vice-prefeito de ninguém. Já ouvi boatos que eu seria o vice de Matheus Neto, de Solange Almeida, mas isso não existe. Seria até uma honra, mas para ingressar na vida pública eu teria que ser candidato a prefeito e dentro da minha filosofia de vida. Sobre esse vício, que é o financiamento de campanha, eu sou um sonhador, e sonho que um dia as pessoas em Rio Bonito possam se mobilizar em torno de um nome sério. Só uma mobilização popular pode acabar com esse vício que é o financiamento de campanha por parte de empresários e grupos políticos, que depois vão querer ser favorecidos de alguma forma. Se eu for candidato, não quero campanha cara. Aquela campanha tradicional, eu não farei. Também não vou impostar a voz para falar com o povo, porque isso é contrário a minha filosofia de vida. Quem sabe o próprio eleitor, como acontece nos Estados Unidos, faz essa campanha? Assim nós teríamos um prefeito, sem rabo preso, com total autonomia e liberdade para governar.

FA – Então, nenhuma possibilidade do senhor ser vice-prefeito de alguém?

AM – É isso mesmo! Eu tenho hoje, talvez, 1% de chance de ser candidato! E se por acaso eu participar é para ser candidato a prefeito. Digo isso, porque não fui eu quem lançou o meu nome. Há dois anos, quando comentavam isso comigo eu não dava confiança, mas depois eu comecei a pensar no assunto. Mas se eu não entrar na vida pública, já me sinto muito honrado em saber o que dizem sobre o meu nome nas ruas da cidade. Eu costumo dizer que ser sério e honesto vale à pena, e isso que está acontecendo comigo é a prova disso. Se eu for candidato e perder, já estou satisfeito com a confiança que foi colocada no meu nome.

FA – Todos concordam que as mazelas da política acontecem porque as pessoas de bem se afastaram do processo político. Há quem diga que o senhor mudaria esse cenário e traria consigo novos nomes. Como o senhor analisa isso?

AM – Essa é uma das motivações que me faz analisar essa possibilidade. É lógico que se as pessoas de bem não se aproximarem das coisas públicas, o mal vai prevalecer. Só que a situação do país hoje, e o município não é diferente, infelizmente, afasta as pessoas de bem da política. Existe um sistema que impede as pessoas de trabalhar com honestidade e isso desanima. Mas em janeiro vou definir se sou ou não candidato, porque eu não posso ficar em cima do muro. Nós pedimos uma pesquisa de opinião para ver a real intenção das pessoas. Será que eles realmente querem essa mudança?

FA – Dentro dessa lógica de novidade defendida pelo senhor, qual é a sua ideia para o Legislativo? O senhor terá que apresentar um grupo de candidatos a vereador, mas existem nomes problemáticos nesse meio. Como o senhor pretende administrar esta questão?

AM – Para começar uma nova concepção de política em Rio Bonito, nós precisamos reformar a campanha eleitoral, a política e a gestão. Parece que é a mesma coisa, mas não é. Eu costumo dizer que se o candidato começa errado na campanha, na gestão ele vai ter que continuar errado. Eu concordo que os candidatos a vereador deveriam ser novos, mas isso é um sonho. Vamos nos fechar para os candidatos medalhões? Não é possível! Mas não é incoerência. Agora, ficar comprometido com político antigo, isso não. Eu não serei candidato de uma corrente política ou de um político. O apoio, entretanto, eu aceito. Contudo, não farão parte da gestão. A não ser que tenham mudado as suas práticas. Acho que é possível se ganhar uma eleição com menos dinheiro, o que atrairá as pessoas de bem para a política.

FA – Rio Bonito, hoje, conta com três grupos políticos importantes, mas eles estariam desgastados. Algumas correntes defendem, por isso, uma quarta via, que no caso, seria o seu nome. Como o senhor analisa esses grupos?

AM – Eu sempre tive um relacionamento excelente com as lideranças dos três grupos. Eu sempre fui amigo do prefeito José Luiz Antunes, da deputada federal Solange Almeida e do deputado estadual Marcos Abrahão. Acho que o desgaste é natural ao mandato. No caso de José Luiz, esse desgaste é de três mandatos. Quanto a Solange, acho que ela saiu fortalecida da última eleição, porque apesar de não ter sido eleita, ela foi muito bem votada em Rio Bonito. Já Marcos Abrahão é um político que vejo em ascensão e está conquistando o seu espaço. Apesar disso, acho que uma nova via seria interessante para oxigenar o sistema político, porque nos últimos 40 anos, nós tivemos apenas quatro nomes na Prefeitura de Rio Bonito.

FA – Em recente entrevista à FOLHA, o deputado estadual Marcos Abrahão disse que “só não serei candidato a prefeito, se surgir um nome a altura do nosso município”, e descreveu um perfil que se enquadra com o seu nome. O senhor pode fazer uma composição com Abrahão?

AM – Eu fiquei muito satisfeito com a reeleição de Marcos Abrahão, que é meu amigo de infância. De um tempo para cá eu tenho aprendido a gostar dele e até ter confiança nele. Aliás, ele é um dos incentivadores dessa minha candidatura, e aquilo que ele disse na entrevista ele já falou para mim pessoalmente. Mas acho que o perfil de renovação que o eleitor está querendo, se nós tivermos alguma ligação com Marcos Abrahão, Solange Almeida, Mandiocão ou Aires Abdala, quebra esse processo de renovação que o leitor imagina.

FA – Anteriormente perguntamos quanto aos seus supostos candidatos a vereador. E quanto ao seu vice, ele pode vir de que segmento e teria que ter qual perfil?

AM – Se a minha candidatura não está definida imagine o vice (risos)! O primeiro perfil é seriedade e honestidade. Mas eu estava me imaginando prefeito e fiquei pensando no meu estafe de secretários, que para mim tem que ter três qualidades, que eu também buscaria no vice: ele tem que ser uma pessoa honesta, capaz e fiel. Se ele for honesto, mas não for capaz, não vai render. Se ele for honesto e capaz, mas não for fiel a mim, ele será honesto e capaz para o outro. Quanto ao segmento desse vice, acho que ainda é cedo para definir esse perfil. Uma coisa, porém, eu digo: eu sou bairrista e apaixonado por Rio Bonito.

FA – Até aonde o saudoso ex-vereador Paulo Moura, seu irmão, que faleceu em 2007, participa indiretamente desta decisão? Aliás, Paulo tinha como principal característica o perfil conciliador. O senhor tem um pouco desse perfil?

AM – Eu aprendi bastante com ele ao longo da nossa caminhada. Eu sou um pouco mais apavorado, confesso, mas ele sempre teve uma palavra que eu não esqueço: “não se apavora, não!”. Agora, quando surgiu essa história de candidatura é que eu estou vendo como o meu irmão está fazendo falta. Com certeza ele seria o meu conselheiro, porque eu perguntaria a ele: “o que você acha disse Paulo?”. Mas eu também aprendi muito com ele, que foi presidente da Câmara importante para que José Luiz conseguisse administrar os dois últimos anos do seu primeiro mandato (93/96) com tranquilidade.

FA – Nós temos representatividade no governo federal (Solange) e no Estado (Marcos Abrahão), mas esses representantes são adversários políticos do prefeito. Caso o senhor fosse prefeito, como seria essa relação?

AM – Os políticos precisam se unir em prol do bem comum. Não podemos virar as costas para Marcos Abrahão ou Solange, por eu ser de um segmento político diferente. Nesta última eleição eu trabalhei pela casadinha Abrahão e Solange, para que Rio Bonito não ficasse sem representatividade. Se fosse prefeito, eu continuaria defendendo esta ideia.

FA – Porque você quer ser prefeito e que melhorias o senhor aponta como essenciais para a cidade?

AM – Eu acho que a cidade, não querendo criticar a administração atual, precisa de muita coisa. Mas algumas coisas me incomodam muito. A Saúde precisa ser resolvida, a assistência as pessoas mais carentes, também, mas Educação, capacitação e formação profissional são imprescindíveis. Quando o povo é educado e consegue se sustentar com o seu próprio trabalho, a realidade da sociedade é diferente da que nós conhecemos. Outra coisa que está me incomodando bastante é a questão da droga, que está destruindo a saúde das pessoas, está acabando com as famílias e está trazendo insegurança, por isso, essa situação deveria ser resolvida com rapidez e urgência.

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