domingo, 28 de novembro de 2010

Carta aberta ao Padre Eduardo Braga

Por Flávio Azevedo - Reflexões

Confesso que já estava preocupado... Afinal, ninguém havia comentado, oficialmente, o texto “Guerra Santa”, que além de ser publicado aqui neste espaço, foi utilizado no editorial de “O Tempo em Rio Bonito” (rádio e jornal) e também no programa “Bate Bola Tupi”, que tem a direção deste jornalista. Até recebemos e-mails, telefonemas, ouvimos comentários nas ruas, mas todos eles provenientes de gente indignada, mas sem personalidade, porque dizem: “não diz o meu nome, porque eu não posso aparecer!”. Gente sem brio!

Eu comentei na ocasião, que o estado é laico, mas a impressão que tínhamos é que alguns líderes religiosos (católicos e evangélicos), que abertamente fizeram campanha contra a candidatura petista estavam esquecendo este detalhe. Também disse para aqueles que sonham com uma união entre estado e religião, que isso não é novidade, mas no passado, quando essa união aconteceu, a liberdade de expressão e pensamento foi proibida, e quem discordava perdia a vida.

Bem, até que na última edição (518 do jornal Folha da Terra), padre, o senhor comentou, através da sua coluna, que teve acesso ao texto que eu escrevi. Contudo, eu gostaria de refletir sobre o respeito entre os cristãos. O senhor, inclusive, citou que a “Marcha para Jesus”, onde deveriam estar católicos e cristãos, parou em frente da Paróquia de São João Batista, na Praça Cruzeiro, onde teriam feitos menções que desagradaram Padre Dedé.

O senhor também relata a agressão verbal feita ao padre Éric, de Boa Esperança. Uma senhora, que parecia ser protestante, no ponto do ônibus da Praça Fonseca Portela falou absurdos para o sacerdote. Aliás, um homem, que também parecia ser protestante, entrou na Missa e insultou ao Papa Bento XVI e o senhor aos gritos. Tem também o episódio de Tanguá, onde há cerca de um ano, certa denominação – evangélica, é claro – teria anunciado que fariam, em praça pública, uma fogueira com objetos utilizados no rito católico, que pertenciam a ex-católicos.

O senhor, padre, também comentou outros fatos que eu tomo a liberdade de classificá-los como falta de educação e respeito. Acredito, inclusive, que algumas pessoas que se dizem religiosas, nunca leram os evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), para perceber a forma como Jesus tratava as pessoas.

Mas a intolerância religiosa e o desrespeito fazem outras vítimas. Por exemplo, os espíritas. Como são discriminados! Veja só: o católico usa o seu crucifixo, o evangélico carrega a sua Bíblia e ninguém diz nada. Porém, o sujeito que utiliza algum acessório que faça referência ao candomblé ou a Umbanda, por exemplo, logo é olhado de soslaio pela maioria. Vale lembrar que uma das únicas religiões brasileiras é a Umbanda, que surgiu no Rio de Janeiro, entre os anos de 1906 e 1908.

E as piadinhas direcionadas às mulheres evangélicas que não cortam o cabelo, que não usam adornos, maquiagens e pinturas? E as gracinhas que falam a respeito de alguns homens evangélicos que são orientados, em algumas denominações, a não usar bermudas ou andar sem camisa? E os gracejos direcionados aos padres e freiras, que por terem um estilo de vida diferente, são alvos de piadas e pilhérias? Você conhece os adventistas do 7º dia? Pois é, esses são chamados de preguiçosos, porque entendem que o sábado é um dia sagrado e neste dia não trabalham.

Na verdade, nós vivemos num tempo onde a intolerância, o abuso e a falta de respeito dominam a sociedade. O falso moralismo, sobretudo entre os cristãos é flagrante. Aliás, padre, os elementos que estimulam a “Guerra Santa” entre os religiosos, também instigam preconceitos contra as prostitutas, os gays e as lésbicas, atores sociais que são massacrados pelos ditos defensores dos “bons hábitos e dos bons costumes”.

Concluindo, deixo uma reflexão para católicos, evangélicos e espíritas. O texto foi escrito por São Paulo, na carta que ele destinou aos filipenses. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. (Filipenses: 2 . 5 a 8).

Um comentário:

  1. "Caridade sempre
    Enquanto vigoravam conceitos religiosos procedentes das mais diversas escolas de fé, os Excelsos Benfeitores da Humanidade, através de Allan Kardec, foram concludentes:Fora da caridade não há salvação.
    Caridade não apenas como virtude teologal.
    Caridade não somente como diretrizes religiosas.
    Caridade não implícita como condicionamento de fé.
    Caridade pura e simplesmente como norma de comportamento.
    A diretriz lapidar por isso mesmo é a síntese de toda a vida de Jesus, em atos, através da exaltação do amor no seu sentido mais eloquente, consoante Ele mesmo exemplificou."
    Divaldo Franco pelo espírito de Joana de Ângeli(Lampadário Espírita).
    Com o meu amor fraterno.
    Suely Nunes de Paula

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