sábado, 9 de outubro de 2010

Rio Bonito tem uma eleição tranquila. Marcos Abrahão (PT do B) é eleito e Solange Almeida (PMDB) é suplente

Por Flávio Azevedo e Lívia Louzada

Mesmo com a manhã chuvosa e fria, os eleitores de Rio Bonito levantaram cedo para eleger presidente, senadores, governador, deputado federal e estadual, no último domingo (03). Apesar da tranquilidade na maior parte das zonas eleitorais da cidade, no período da manhã, sem prisões ou desentendimentos entre cabos eleitorais, filas longas se formaram logo no início do dia em algumas seções eleitorais. Além disso, duas urnas eletrônicas precisaram ser substituídas. Uma por volta das 9h, no Colégio Estadual José Matoso Maia Forte, no bairro Praça Cruzeiro, e outra depois do encerramento da votação, no Colégio Estadual Professor Dyrceu Rodrigues da Costa, no Centro. A 119ª Delegacia de Polícia de Rio Bonito, não registrou nenhuma ocorrência durante o dia.

Na Escola Municipal Governador Roberto Silveira (foto), na Vertente, no 2º Distrito, a votação começou às 9h, porque aconteceram problemas na Zerésima (documento emitido pela urna eletrônica no início dos trabalhos, que mostra não ter havido registro de voto antes da abertura das eleições), das sessões 62 e 75. Segundo o supervisor do TRE, Crecenciano Ramalho (foto), logo o responsável técnico pela urna foi contatado e o problema resolvido. “A demora que aconteceu se deu pelo fato de estarmos bem distantes do Centro de Rio Bonito”, ponderou.

O deputado estadual reeleito, Marcos Abrahão (PT do B), foi um dos eleitores que acordou cedo para votar na Escola Municipal Professora Maria Lydia Coutinho, no Rio do Ouro. Ele votou por volta das 8 horas, se dirigindo depois para Tanguá, Cachoeiras de Macacu e Saquarema, onde acompanhou a votação durante todo o dia.

Em alguns locais de votação, como no Colégio Cenecista Monsenhor Antonio de Souza Gens, muitas pessoas reclamaram da espera para votar, já que dificilmente são encontradas filas no lugar.

No Motorista Futebol Clube, local de grande concentração de eleitores, quem chegou para votar, por volta das 10h, só conseguiu registrar o voto cerca de duas horas depois. Segundo informações, a causa da demora seria o grande número de idosos que teriam encontrado dificuldades para utilizar a urna eletrônica, por causa dos seis cargos que estavam na disputa.

A dona de casa Cremilda Figueiredo (foto), de 71 anos, que de acordo com a legislação não seria obrigada a votar, fez questão de exercer a sua cidadania. Ela compareceu no Esporte Clube Fluminense, logo cedo, por volta de 9h. – Fiz questão de votar porque acho importante escolher quem serão os nossos governantes – disse Cremilda.

A cadeirante Edilméia Silva Rodrigues (foto), de 50 anos, moradora da Jacuba, teve dificuldade para chegar ao E. C. Fluminense, onde votou por volta das 9h30min. – Acho importante votar, mas voto mesmo por obrigação, já que o transporte para chegar até aqui é bastante precário – reclamou ela, que era auxiliada por um filho.

Mudança não agradou

Acostumados a votar na E. M. Profª Maria Lydia Coutinho (foto), no Rio do Ouro, os eleitores que foram transferidos para a E. M. Jaudet Curi, no Rio Vermelho, para onde foram levadas as sessões 87, 103, 109, 120 e 122, não estavam satisfeitos. “Nós deveríamos ser informados sobre essas mudanças. Estou vindo da Colina da Primavera, parei aqui, mas minha sessão (87), foi transferida para o Rio Vermelho, agora terei que esperar uma hora e pegar outro ônibus para chegar ao Rio Vermelho”, criticou o eleitor Nilson da Silva.
O motoboy Felipe Azevedo, de 20 anos, morador da Posse, criou um serviço de moto-taxi para transportar os eleitores que sabiam da mudança e comemorou a oportunidade de ganhar algum dinheiro.
– Quando percebi esse problema, eu resolvi transportar as pessoas e ganhar um dinheirinho. Eu até já perdi o número de viagens que fiz desde o período da manhã – comentou Felipe, revelando que estava cobrando R$ 2,00 para transportar os eleitores.

Vanessa Silva, de 22 anos, a passageira do motoboy, estava satisfeita com o serviço. “Eu morava na Mangueira e votava no Maria Lídia, mas como eu me mudei para Araruama, eu não fui informada da mudança. Ainda bem que ele apareceu, porque ônibus em Rio Bonito, principalmente, dia de domingo, é horrível”, comentou.

Quantidade de votos confundiu o eleitor

O carpinteiro Hamilton Dias de Araújo (foto), 64 anos, morador do Rio Vermelho, disse que “o grande número de votos está confundindo a cabeça do eleitor”. O carpinteiro aprovou a criação da sessão de Rio Vermelho, mas viu falhas no processo. “Eu, por exemplo, assim como muitas outras pessoas que moram em Rio Vermelho, continuamos votando em Rio do Ouro. Já as pessoas que moram no Sambê, na Colina da Primavera e dependem de condução, passaram a votar aqui em rio Vermelho, o que gera um transtorno muito grande, porque tem que pagar duas passagens”, analisou.

Além do juiz eleitoral Marcelo Espíndola, que percorreu o município durante todo o dia, o trabalho de fiscalização de Justiça Eleitoral contou com a participação da promotora Marcele Navega, o delegado da Polícia Federal, Jerônimo José da Silva Jr, um escrivão e dois agentes. Cinco pessoas foram detidas por estarem fazendo suposta boca de urna, e ficaram acauteladas no prédio da Câmara de Vereadores. De acordo com o delegado, “essas pessoas estão enquadradas no artigo 39, parágrafo 5º, inciso 3º, da Lei 9.504/97, que fala sobre a prática da boca de urna, que é crime”. Se forem condenados, os acusados podem pegar até um ano de detenção.

No final do dia, enquanto recebia as urnas eleitorais no Fórum da cidade (foto), depois de fazer um balanço positivo das eleições, o juiz Marcelo Espíndola afirmou que quem foi pego fazendo boca de urna será processado e penalizado. Na ocasião, ele também fez um alerta: “esse não é um processo rápido, porque os casos serão analisados e agiremos conforme a lei, porque o eleitor precisa mudar de atitude frente ao processo eleitoral”.

Comemoração e frustração

No fim da noite, entre os candidatos de Rio Bonito ao Congresso Nacional (Solange Almeida e Jeffinho (PSOL)) e, a Alerj (Marcos Abrahão e Maninho), somente o deputado estadual comemorou a vitória. Concentrado na casa da sua mãe em Cidade Nova, pela internet, o deputado acompanhava voto a voto a apuração. Por volta das 19h, quando ultrapassou a barreira dos 40 mil votos saiu o primeiro grito de vitória. “Mas não podemos comemorar ainda, porque a apuração não acabou. Por volta das 9h, já sabendo que havia recebido 52.525 votos, sendo 15.004 deles, em Rio Bonito, Abrahão saiu em carreata pelas ruas da cidade.

A comemoração terminou na Av. Sete de Maio, onde junto da família, de correligionários, partidários, simpatizantes e um grande trio elétrico, que tocava o jingle da sua campanha, o parlamentar celebrou a reeleição. “Eu nunca duvidei da minha reeleição, porque nós estamos trabalhando. Eu tinha certeza que o povo saberia reconhecer os benefícios que nós trouxemos para o município e para a região”, comentou Abrahão.
– Eu esperava receber entre 50 e 60 mil votos, conseguimos 52 mil, o que está dentro do que foi planejado. Agora, é continuar trabalhando para ampliar ainda mais a nossa votação. Vou continuar fazendo parte da base do governador Sérgio Cabral (PMDB), que também conseguiu a sua reeleição, com um único objetivo, trazer mais recursos para a nossa cidade – prometeu.

Na casa dos demais candidatos, luzes apagadas eram o reflexo do resultado. Por volta das 19h, a residência da deputada federal Solange Almeida estava cheia de correligionários. O otimismo, porém, aos poucos, deu lugar à apreensão, porque os números do TRE, ao contrário de 2006, quando ela foi eleita para a Câmara Federal, não mostravam a vitória da “formiguinha”. Por volta das 20h era possível ver pessoas deixando a casa da deputada chorando. Enquanto isso, outro grupo já fazia contas, calculando quantos deputados eleitos precisam assumir outras funções para que ela consiga retornar à Brasília, já que é a quarta suplente na coligação PMDB/PP/PSC.

Solange: 52.443 votos garantem a quarta suplência

A deputada federal Solange Almeida (PMDB), que concorreu a um segundo mandato na Câmara federal, chegou sozinha, por volta das 9h, a Escola Municipal Duque de Caxias, em Rio Seco, mas mesmo assim encontrou uma longa fila para votar. “Aqui em Rio Seco estou em casa. Me sinto uma filha adotada”, disse a deputada, que enquanto esperava para votar, cumprimentava os eleitores. Ao ser perguntada pela nossa reportagem, sobre a expectativa com o resultado das eleições, Solange se mostrou cautelosa. “Aprendi em Brasília, que eleição e mineração, só depois da apuração”.

Quem votou em Rio Seco, logo pela manhã, também encontrou dificuldades para chegar ao local de votação, pois segundo moradores da região, um caminhão teria virado na estrada, por volta das 5h. O acidente teria interrompido a passagem de veículos, obrigando os motoristas a desviarem pela localidade de Duas Barras.

Dificuldade para votar, também teve a dona de casa Sebastiana Matos (foto), de 64 anos. Moradora na localidade de Parque Andréia, em Boa Esperança, a dona de casa tentou votar em Rio Seco, por volta das 11h, mas foi impedida porque estava com a carteira de identidade vencida desde 2007. “Vou em casa buscar minha carteira de trabalho, e voltar para tentar votar”, disse Sebastiana, surpresa com ocorrido.

De acordo com o supervisor da zona eleitoral, Ilmar Pereira (foto), “o juiz eleitoral Marcelo Espíndola, deixou bem claro que ninguém poderia votar com documento vencido”.
Exercendo o seu direito de voto pela primeira vez, muitos jovens escolheram o início da tarde para votar. Um exemplo é a estudante Natália Soares, de 16 anos, que votou no E. C. Fluminense. “Eu já estava querendo votar há muito tempo, pois penso que as coisas só vão para frente a partir do nosso voto”, disse ela.

O diretor do Colégio Cenecista Monsenhor Antonio de Souza Gens, Carlos Alberto de Moura Machado, votou por volta das 14h, no Motorista. Ele disse que não concorda com o voto obrigatório. “Em respeito a nossa cidadania, o voto não deveria ser obrigatório, mas já que é, temos que votar”, disse Betinho.

Apesar dos 52.443 votos, Solange conseguiu apenas uma quarta suplência. A equipe da FOLHA tentou um contato com a deputada, na segunda (4) e terça-feira (5), mas foi informada que ela estaria se dirigindo para Aparecida do Norte, em São Paulo, de bicicleta, onde teria ido pagar uma promessa que ela fez pela recuperação do seu marido, Carlos Henrique Minardi Pereira, que recentemente se recuperou de uma grave doença.

Maninho: “estou contente com a votação que eu tive”

Outro candidato da cidade que também escolheu a manhã para votar, foi o vereador Maninho (PPS), que concorria a uma vaga na Assembléia Legislativa e votou no Colégio Estadual Barão do Rio Branco, no Centro, por volta das 11 horas. Ele se disse “esperançoso” com os votos que pretendia receber na região, já que fazia parte de uma “coligação forte”.
– Tenho fé em Deus e consciência de ter participado dessas eleições com dignidade – pontuou Maninho.

Após a divulgação do resultado prelo TRE, o candidato disse que não ficou frustrado com os 1967 votos que obteve, em todo o Estado. Na tribuna da Câmara de Vereadores, na terça-feira (5 de outubro) seguinte, o parlamentar agradeceu os votos que recebeu e destacou o apoio do colega Márcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão (DEM), único vereador do parlamento municipal riobonitense que apoiou a sua campanha.

– Eu estou muito contente com a votação que eu tive, não fiquei decepcionado. Na primeira vez em que fui candidato a vereador, em 1992, tive apenas 82 votos. Depois me elegi em 2000 (455 votos), 2004 (832) e 2008 (944)”, explicou Maninho. Por último, o candidato alfinetou os eleitos: “espero que Deus ilumine os que se elegeram, para que eles trabalhem realmente para o povo, e não em benefício próprio”.

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