quarta-feira, 8 de setembro de 2010

As lições de Francisco Pereira Passos


No último texto, nós fizemos um artigo parabenizando o prefeito José Luiz Antunes por ter aterrado o pátio de manobra da ferrovia que corta o município. Com a ação, o prefeito criou muitas vagas de estacionamento, um dos clamores dos motoristas riobonitenses, que não tinham onde estacionar. Apesar da poeira, a maior parte das pessoas – inclusive eu – é favorável a iniciativa do chefe do Executivo, que tem como principal desafio, modernizar uma cidade que não quer abrir mão de práticas e hábitos que podemos classificar como ultrapassados e anacrônicos.

A implantação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, os cerca de US$ 20 bilhões previstos para serem investidos no empreendimento e a geração de aproximadamente 200 mil empregos, certamente causarão impactos significativos em Rio Bonito e toda região. Mas para absolver as mudanças positivas e negativas do Comperj, as nossas cidades não precisam, além de estacionamento, Segurança, Saúde, Educação, Esporte, Lazer, Transporte, Cultura e, principalmente, Infraestrutura e Urbanização.

Por isso, acho interessante analisar a postura do engenheiro Francisco Pereira Passos, que governou o município do Rio de Janeiro entre os anos de 1903 e 1906. Na época, a então capital do país era conhecida como uma cidade suja, desorganizada e cheia de doenças. Era o “Quinto dos Infernos”. Ao lado de figuras como Francisco Bicalho, Paulo de Frontin e Lauro Müller, Francisco Pereira Passos, que nasceu na cidade Fluminense de Piraí, em 29 de agosto de 1836, capitaneou a “Reforma Passos”.

Vale ressaltar que no início do século XX, o Rio de Janeiro passava por graves problemas sociais, por causa do rápido e desordenado crescimento, alavancado pela imigração européia e pela transição da mão de obra escrava para o trabalho livre. Além da estrutura colonial, a cidade possuía cerca de um milhão de habitantes, que enfrentavam carência de transporte, segurança, abastecimento de água, rede de esgotos e programas de saúde.

Aumentavam as habitações coletivas (cortiços), onde ocorriam constantes epidemias de febre amela, varíola, cólera, entre outras doenças. A cidade ganhou dos visitantes estrageiros, o apelido de “porto sujo” ou “cidade da morte”. A “Reforma Passos”, também conhecida como “bota-abaixo”, tinha o objetivo de sanear, urbanizar, embelezar e modernizar a cidade.

Historiadores dividem a “Reforma Passos” em duas: a primeira, projetada pelo governo federal, ocorreu em função da necessidade de modernizar o porto, para se livrar da alcunha “porto sujo”. A segunda, planejada pela prefeitura, tinha a intenção de organizar a cidade, integrando os diversos trechos do município ao Centro. Outra obra primordial era a construção da Avenida Central (atual Rio Branco), que pretendia solucionar um problema histórico: a distribuição dos produtos que chegavam no porto para a rede de comércio estabelecida no Centro da cidade.

Os morros da Conceição, do Livramento, da Providência e da Saúde deixavam o porto isolado do Centro comercial. As únicas possibilidades para o escoamento das mercadorias do porto estavam na Rua da Prainha, Caminho do Valongo, posteriormente chamado de Rua Camerino, que era um emaranhado de ruas estreitas que comprometiam o trânsito. A melhor alternativa foi demolir pequenos quarteirões e construir a Avenida Central. Para demolir os cortiços houve a mesma chiadeira que existe em relação ao fechamento da Av. Castelo Branco (rua dos bancos), em Rio Bonito. Mas tudo foi demolido ou “botado abaixo”. Que sirva de exemplo!

O presidente Rodrigues Alves, lá no início do século XX, entendeu que essas obras (porto e abertura de ruas) eram relevantes para atrair visitantes, investidores e turistas. Por motivos similares, o prefeito de Rio Bonito e cidades vizinhas deveriam observar que as suas cidades não têm uma rodoviária apresentável. Também deveriam pensar a construção de um heliponto, para acabar esse negócio de helicópteros, que chegam com autoridades e personalidades, descendo nos campos de futebol. Essa prática deixa a nossa cidade com um ar “capiau”. Eu duvido que isso aconteça no Maracanã, em São Januario ou no Engenhão!

O prefeito José Luiz criou a Via Verde, estrada que liga o Green Valley ao Basílio. Penso, porém, que o município também deveria crescer em direção ao Segundo Distrito (Boa Esperança) e para os lados da Colina da Primavera. Aliás, o Centro da cidade está inchado. Um investimento interessante, por exemplo, para o Centro, seria a construção de uma estação de tratamento de esgoto e a consequente criação de rede de captação de águas pluviais (água de chuva e esgotos) e fluviais (água dos rios). Em resumo, a coragem e a visão de Pereira Passos poderiam nortear uma série de melhorias em Rio Bonito e região.

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